“O desafio foi criar, a partir das ‘Mixórdias de Temáticas’ do Ricardo Araújo Pereira, um ambiente de café-teatro em que a ironia é a grande receita para estas ‘Maleitas de Portugal’”, adiantou Pompeu José, que partilha a encenação com Carlos Ribeiro.
O espaço conta com “20 atores a fazerem diferentes quadros de cena” onde são contadas variadas histórias, desde “o ‘hall’ de entrada de uma urgência onde caem todas as doenças a uma visita do ministro e secretário de Estado a um hospital”.
“Essencialmente é um espetáculo irónico, crítico e divertido, porque achamos que quando nos conseguimos rir das nossas maleitas alguma cura já pode estar a ser acionada. É mesmo o melhor remédio”, defendeu.
A escolha sobre os textos de Ricardo Araújo Pereira “já não é a primeira vez, e é por a forma como ele, através da ironia, faz uma análise do país e do quotidiano, que é muito inteligente e com sentido”.
“Nos quadros apresentados e nas respetivas dinâmicas, são misturadas algumas doenças e alucinações de visões como, por exemplo, a da comitiva do ministro que tem soluções mirabolantes para as questões da saúde”, desvendou.
Entre essas soluções, revelou, “está o turismo hospitalar em que, por exemplo, manda as pessoas do Algarve para serem operadas em Trás-os-Montes, portanto, os que gostam de excursões vão andando e cantando e depois são operados”.
Pompeu José destacou que “uma das coisas giras” de trabalhar os textos das crónicas radiofónicas “Mixórdias de temáticas”, “em que se ouve e imaginam os personagens, eles agora ganham vida e aparecem em cena”.
O (H)aver Teatro nasceu em 2018 no núcleo da ACERT com o intuito de envolver a comunidade “e os amantes do teatro” num projeto que “mantenha viva” esta arte e “o legado da ACERT, que também começou com um grupo de teatro amador”.
“É o renascer da matriz do Trigo Limpo, um grupo de teatro de amadores e havia muita gente com vontade, ou que já tinha passado pelo grupo ou queria fazer teatro, mesmo no fim de um dia de trabalho”, contou.
Desde então, todos os anos estreia uma peça e, este ano, “o desafio é maior, porque é um café-teatro onde o desafio é muito maior, pelo contacto muito direto com o público que, naturalmente, acaba por estar mais descontraído e é muito mais franco e aberto”.
“É muito importante este exercício de estar frente a frente com o público e isto faz parte do crescimento de um artista. É tudo à flor da pela, não dá para esconder nem fingir, o público está ali, bem nos olhos e isso é um desafio muito bom”, rematou.
O espetáculo estreia na sexta-feira, pelas 23h00, no bar da ACERT, e regressa à cena no sábado e, “se for preciso, apresenta-se mais dias, depende sempre do público”, apontou Pompeu José. A entrada é gratuita e as datas pode ser consultadas aqui.
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