Em comunicado, a empresa pública revelou que “se trata de um acervo excecional de fotografias artísticas realizadas por uma mulher pintora na viragem do século XIX para o século XX, cujo estudo constituirá um revolucionário avanço no conhecimento da história da arte em Portugal”.
O lote de negativos em placa de vidro foi comprado por cerca de 50 mil euros.
“A presença deste conjunto no acervo do Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR) permitirá a realização a médio-prazo de uma exposição temporária, além da apresentação da fotografia em articulação com a pintura no curso da atual exposição de longa duração, onde Aurélia de Souza é uma das presenças mais carismáticas e relevantes”, acrescentou a Museus e Monumentos de Portugal (MMP) no mesmo texto.
Como recorda a MMP, a coleção do Soares dos Reis, no Porto, já inclui um acervo dedicado a Aurélia de Souza, com destaque para o “Autorretrato”, classificado como Tesouro Nacional.
Nascida em Valparaíso, em 1866, Aurélia de Souza viajou, três anos depois, para Portugal com a família, emigrante no Brasil e no Chile.
Iniciou-se na pintura aos 16 anos e, com 23 anos, inscreve-se na Academia Portuense de Belas Artes, a par da irmã Sofia, momento a partir do qual começa a expor, a que se segue um período de formação em Paris, como se lê na biografia publicada pela Universidade do Porto.
Convidada em 1907 a presidir à Sociedade de Belas-Artes do Porto por António Teixeira Lopes recusa e, anos mais tarde, desiste de ser sócia daquela entidade “protestando duplamente contra o aumento das quotas e contra o facto de esta instituição deixar de ter sala de exposições”.
“A produção artística de Aurélia de Souza assenta num conjunto diverso de temáticas: as que preferiu e trabalhou ao longo de toda a carreira foram o retrato, a paisagem e as cenas intimistas do quotidiano doméstico. Além do seu próprio rosto, Aurélia de Souza procurava os motivos para as suas pinturas no universo familiar, fonte inesgotável de inspiração: as pessoas, os recantos da casa, os aspetos do jardim, os trechos de paisagem com o rio ao fundo”, pode ler-se na página do MNSR.
Morreu, no Porto, em 1922.
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