Apresentado hoje no cenário que no segundo fim de semana de agosto se transforma, desde há 11 anos, no recinto de um festival “feito graças à fertilidade da música nacional” e do envolvimento de toda uma comunidade, o Bons Sons apresenta nesta edição 44 nomes já confirmados e outro que o diretor do festival, Luís Ferreira, deixou para mais tarde.
Numa visita pelos lugares da aldeia que em agosto estarão transformados em oito palcos, a organização do Bons Sons – o Sport Club Operário de Cem Soldos – deu a mostrar um pouco do que será um festival que junta “nomes que atraem públicos e nomes que surpreendem o público”, com os músicos Surma e Valter Lobo a surgirem em locais inesperados, como o palco Eira (na antiga eira comunitária, no meio do campo) ou junto ao portão de uma garagem.
O “velhinho deste ano”, nome que encerra o festival, será Rodrigo Leão, músico com um percurso nacional e internacional que, para Luís Ferreira, “faz todo o sentido estar no Bons Sons” e que “vem sem as parcerias”, com um concerto “em nome próprio”, com uma “visão histórica” do seu trabalho, a exemplo do que aconteceu em edições anteriores com Sérgio Godinho, Jorge Palma, Vitorino ou Brigada Victor Jara.
Manuel Fúria, Groove Salvation, Capitão Fausto, Virgem Suta, Filipe Sambado, Señoritas, Mão Morta, Né Ladeiras, Moços da Vila, Txiga, Joana Barra Vaz, Samuel Úria, Orelha Negra, Paulo Bragança, LST, Marco Luz ou Frankie Chavez são alguns dos nomes hoje anunciados.
Luís Ferreira declarou o seu “orgulho” num programa que tenta “representar sempre que possível o máximo de dimensões da música que se faz hoje, com nomes que atraem públicos e nomes que surpreendem público, nomes que trabalham e esgravatam a história do cancioneiro nacional, nomes que se aculturam e que trazem outras sonoridades” para a cultura portuguesa.
“Achamos importante ter esta visão bastante aberta dos fluxos e não uma visão nem conservadora nem dogmática com a língua, com os géneros, com o tipo, e mostrar tudo e dar espaço para tudo o que para nós faz sentido”, disse, salientando que, nos “milhares de propostas” que a organização recebe, “há sempre uma escolha”.
Com as quatro entradas da aldeia fechadas durante os quatro dias do festival, todos os espaços são aproveitados.
Além dos oito palcos, que incluem o auditório (em que se transformou a antiga Casa do Povo), este ano, para acolher as iniciativas feitas em parceria com o festival Materiais Diversos, aliando a música às artes performativas, e do antigo armazém dos cereais, que este ano substituirá as exposições por uma programação para crianças a apresentar em breve, as ruas enchem-se com as cores do artesanato e da marroquinaria.
A praça principal recebe os palcos Lopes-Graça (para a música de raiz tradicional) e o Aguardela (para DJ), que convivem com bares, esplanadas e restaurantes nos quintais, mantendo-se, desde 2012, o palco da Eira (para os novos sons), e, desde 2010, o da Igreja de S. Sebastião (para o projeto Música Portuguesa a Gostar Dela Própria), a que se junta o adro da capela (para música tradicional, rural e urbana).
O palco Garagem fica aberto a um “alinhamento diário” para quem queira, espontaneamente, mostrar-se ao público, enquanto o Largo de S. Pedro recebe o palco Giacometti, proporcionando uma “grande proximidade” entre artistas e público.
Luís Ferreira assegurou que o caráter comunitário e “carola” da aldeia, de que o Bons Sons se tornou o projeto de maior visibilidade, se mantém, com a consciência de ser “uma inspiração para a ideia do espaço rural e da sua vitalidade” e “uma força para continuar a acreditar que é possível transformar o interior”.
Este esforço tem sido reconhecido, como aconteceu no passado dia 16 em Barcelona, com os prémios para Melhor Alinhamento e Melhor Receção e Acolhimento atribuídos pelo público e pelo júri no Iberian Festival Awards, salientou.
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