Dedicado à cultura gótica e à música alternativa, o festival vai ter este ano diversas alterações, apresentadas hoje, a par do principal cabeça de cartaz: os britânicos Current 93.
A saída do Castelo de Leiria, que serviu de palco durante os últimos oito anos, é a mudança mais significativa. O monumento vai receber diversas obras de requalificação - no valor de 3,6 milhões de euros - que vão impedir a utilização.
Em alternativa, o festival desce à cidade, anunciou hoje a associação Fade In: "O castelo tem sido o grande imã do Entremuralhas. Não é fácil criar um evento que tem como ex-libris o Castelo de Leiria e, de repente, ficarmos suprimidos desse elemento de atração", afirma o presidente da associação, Carlos Matos.
O festival passa a chamar-se Extramuralhas enquanto o castelo estiver em obras, mas mantém "o epíteto de festival gótico".
"Estamos expectantes e com muito medo" da reação do público à mudança, admitiu o organizador. Mas "o impacto negativo do anúncio da saída do castelo pode ser colmatado com a qualidade da programação".
A Igreja da Misericórdia, o Jardim Luís de Camões, o Teatro José Lúcio da Silva e um novo espaço dedicado a concertos, a abrir até agosto, na cidade, Stereogun, vão receber os concertos em 2018.
"A cidade está dotada de equipamentos que, de certa forma, podem replicar o que acontece no castelo", nota o organizador.
No jardim, os concertos de Extramuralhas têm entrada livre, o que será uma oportunidade para mais pessoas tomarem contacto com o festival: "Todos vão poder ver artistas que normalmente vão ao Entremuralhas e centenas de pessoas que nunca foram ao festival, por preconceito, medo ou impossibilidade económica ou até física, vão ter uma pequena amostra do que acontece entremuralhas e acontecerá agora extramuralhas".
Por outro lado, no Teatro José Lúcio da Silva, haverá condições para levar ao festival bandas que, de outro modo, nunca poderiam atuar no Castelo de Leiria - "por exemplo, porque usam pianos de cauda, impossíveis de colocar no castelo".
Em 2018, o programa terá entre dez a 12 bandas. Sete estão confirmadas: o alemão Christian Wolz, os espanhóis Captains, os russos Shortparis, os franceses Horskh, todos pela primeira vez em Portugal, e ainda os suecos Priest, os noruegueses Ulver e os britânicos Current 93.
Carlos Matos destaca a aposta nos Ulver e Current 93, "grandes nomes dentro do circuito alternativo".
"É um esforço muito grande da Fade In. São nomes muito, muito caros, mas acreditamos que vai valer a pena, porque fãs de todo o mundo vão querer ver. Estamos muito orgulhosos por poder anunciar estes nomes", sublinha.
Para o vereador da Cultura da Câmara de Leiria, as alterações ao festival, que se devem aplicar pelo menos nos próximos dois anos, significam "um novo ciclo".
"Era inevitável, devido às obras. Teríamos sempre de vir cá para baixo [na cidade]. Mas Leiria tem todas as condições para poder fazer um festival único e especial neste período de agosto", disse Gonçalo Lopes, que acredita na capacidade de atração do Extramuralhas.
"Vamos ter muita gente a visitar Leiria, além dos habituais visitantes do festival. Podemos mudar o paradigma, o cenário, a beleza, no que diz respeito à relação com a cidade".
Comentários