A 17.ª edição deveria ter ocorrido entre abril e maio, mas a pandemia do novo coronavírus obrigou a uma alteração de planos, com a direção a decidir remarcá-la de 25 de agosto a 05 de setembro, rejeitando a hipótese de fazer uma versão ‘online’, porque quer manter a experiência em sala, com os espectadores, sublinhou Miguel Valverde.
A um mês do arranque, o festival anunciou hoje a programação completa, com cerca de 240 filmes, que abrirá no dia 25 de agosto com “La Femme de Mon Frère”, a estreia na realização da atriz Monia Chokri.
Miguel Valverde diz que este é “um festival com uma pandemia pelo meio”, que sobreviverá com alguns constrangimentos, nomeadamente com uma reorganização do planeamento de exibições: haverá menos sessões diárias, e com lotação reduzida, e apenas serão feitas sessões repetidas do cinema português.
Às salas habituais que acolhem o IndieLisboa, como a Culturgest e o cinema São Jorge, haverá ainda uma sala ao ar livre, no terraço do Teatro Capitólio.
“Tivemos de repensar tudo, ‘timings’, equipas, modelo de organização de sessões, tendo em conta que o festival era no final de agosto, e partindo do princípio que está calor e que as salas tinham esta limitação”, disse.
Grande parte da programação já tinha sido anunciada, moldada em três grandes eixos marcados pelo sentido de “resiliência”: Uma retrospetiva de toda a obra do realizador senegalês Ousmane Sembène, que morreu em 2007 e é considerado “o pai do cinema africano”, uma homenagem aos 50 anos da secção “Fórum” do festival de Berlim, e um ciclo dedicado à realizadora franco-senegalesa Mati Diop.
Segundo Miguel Valverde, foram “uma alavanca que puxou tudo o resto da programação. De repente parece que isto [a pandemia] foi quase o culminar da resiliência que marcava a programação deste ano”.
Do cinema português escolhido para esta edição será mostrada mais de meia centena de filmes, entre os quais “A Metamorfose dos Pássaros”, de Catarina Vasconcelos, “O Fim do Mundo”, de Basil da Cunha, “Fojos”, documentário de Anabela Moreira e João Canijo, “A arte de morrer longe”, de Júlio Alves, e as curtas “O Cordeiro de Deus”, de David Pinheiro Vicente, “A Mordida”, de Pedro Neves Marques, e “Corte”, de Afonso e Bernardo Rapazote.
A secção Novíssimos, que apresenta obras de jovens cineastas em início de carreira, inclui 14 filmes, entre os quais “La Leyenda Negra”, de Patricia Vidal Delgado.
A competição internacional contará com 12 longas-metragens e 31 ‘curtas’, com a direção do IndieLisboa a destacar “a forte presença africana”, nomeadamente com os filmes “Nafi’s father”, do senegalês Mamadou Dia, e “This Is My Desire”, dos nigerianos Arie Esiri e Chuko Esiri.
Na competição estão ainda o documentário “L’Île aux oiseaux”, dos luso-suíços Maya Kosa e Sérgio da Costa, e “Si yo fuera el invierno mismo”, filme da argentina Jazmin Lopez com direção de fotografia de Rui Poças.
Na secção Silvestre, foram incluídos, por exemplo, “Jeanne”, de Bruno Dumont, “State Funeral”, de Sergei Loznitsa, e o filme coletivo experimental “Ouvertures”, do The Living and the Dead Ensemble.
A competição IndieMusic contará, entre outros, com “Aznavour by Charles”, de Marc de Domenico, “Billie”, de James Erskine sobre a cantora Billie Holiday, “Caos e afinidade”, de Pedro Gonçalves, “SOA”, de Raquel Castro, e “Gimme Shelter”, documentário de 1970 sobre as últimas semanas de uma digressão norte-americana dos Rolling Stones.
O filme de encerramento será “Um animal amarelo”, de Felipe Bragança, a 5 de setembro, na Culturgest.
O IndieLisboa acolherá ainda quatro documentários de Carlos Vaz Marques e Graça Castanheira, programados em parceria com o Festival literário Lisboa 5L, sobre escritores distinguidos com o prémio José Saramago: João Tordo, Adriana Lisboa, Ondjaki e Paulo José Miranda.
A única programação ‘online’ será dedicada aos encontros para a indústria, com a participação, à distância, de representantes de outros festivais de cinema.
Toda a programação do IndieLisboa está ‘online’ e os bilhetes são colocados hoje à venda.
Comentários