O FLiD quer dar visibilidade ao Douro através da literatura e realiza-se de 2 a 4 de maio no Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta, onde vão ser expostas, de forma rotativa, as cartas escritas ao escritor transmontano.
“Para além do destaque dado aos 50 anos do 25 de Abril, esta edição merece destaque também por termos na programação a oficialização da doação da correspondência para Miguel Torga, um conjunto de cartas manuscritas e datiloscritas, de 67 autores (portugueses, brasileiros, espanhóis e franceses), dirigidas ao escritor Miguel Torga, por parte da professora Clara Crabbé Rocha, filha do escritor”, afirmou hoje à agência Lusa a presidente da Câmara de Sabrosa, Helena Lapa.
A autarquia tutela o equipamento cultural construído na terra natal do escritor, cujo nome de batismo era Adolfo Correia da Rocha e viveu entre 1907 e 1995.
O diretor do Espaço, João Luís Sequeira, concretizou que o espólio inclui cartas de várias personalidades, desde a literatura e política à diplomacia, como, por exemplo, o antigo Presidente da República Mário Soares, os escritores Jorge Amado, Manuel Bandeira, Alves Redol, David Mourão Ferreira, Sophia de Mello Breyner ou Agustina Bessa-Luís, o ensaísta Eduardo Lourenço ou o sociólogo António Barreto.
Relativamente a Fernando Pessoa, João Luís Sequeira explicou que não estará patente o documento original, mas uma digitalização da sua carta, porque o seu espólio é considerado tesouro nacional e o documento original está guardado na Biblioteca Nacional, em Lisboa.
João Luís Sequeira realçou que este “será um momento muito significativo na história do Espaço” e na sua missão de divulgar a vida e obra de Torga, apontando que as cartas revelam como era vida social e cultural portuguesa nos anos em que o autor viveu.
Esta correspondência datada entre 1930 e 1994 foi a base do livro “Cartas para Miguel Torga”, lançado em 2020 e organizado por Carlos Mendes de Sousa.
Porque em 2024 se celebram os 50 anos do 25 de Abril, a programação do festival vai também dar destaque à revolução e aos contributos que a liberdade e a democracia trouxeram à arte e concretamente à literatura, e inclui ainda uma conversa que tem como mote o tema “Literatura e Medicina”, que vai juntar Clara Rocha, Júlio Machado Vaz e Manuel Sobrinho Simões.
Durante o FLiD, a Peripécia Teatro vai apresentar o projeto ContoContigo, encenando dois contos de Torga: “O segredo”, da obra “Pedras Lavradas”, e “Vicente”, de os “Bichos”, enquanto Jaime Rocha e Paulo Campos dos Reis vão fazer uma leitura encenada de o “Vulcão” e a 6.ª edição do festival termina com um concerto de Janita Salomé.
Organizado pelo Espaço Miguel Torga e pelo município de Sabrosa, com programação de Francisco Guedes, o FLiD aposta em ir às escolas.
De acordo com o programa, os escritores Luísa Lobão Moniz, Ozias Filho e Raquel Patriarca vão às escolas do ensino básico e secundário dos agrupamentos Morgado Mateus, em Vila Real, e Miguel Torga, em Sabrosa, para um contacto mais próximo com os alunos e a promoção da leitura.
Helena Lapa salientou que o FLiD é “um evento cultural de referência da região” e é "uma das maiores apostas que o município faz", através do Espaço Miguel Torga, na promoção cultural.
Este ano o FLiD conta com a presença de escritores e personalidades ligadas ao meio literário nacional e internacional como Antônio Carlos Secchin, Clara Rocha, Fernanda Almeida, Hélia Correia, Inês Pedrosa, Jaime Rocha, Janita Salomé, João Rios, Joaquim Arena, José Miguel Braga, Júlio Machado Vaz, Luís Caetano, Luísa Lobão Moniz, Manuel Sobrinho Simões, Nuno F. Silva, Ozias Filho, Paulo Campos Reis, Raquel Patriarca, Renato Filipe Cardoso, Susana Bravo e Tiago Guedes.
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