A ideia de fazer um documentário dedicado a João Ribas (1965-2014), que esteve na fundação das bandas Kus de Judas, Censurados e Tara Perdida, surgiu em 2012/2013 num concerto da última banda que o músico liderou.
“Foi como fã que cheguei a este projeto do documentário e a ideia inicial era tentar fazer com ele ainda vivo, mas decidi fazer na mesma em jeito de homenagem. Apesar de achar que as homenagens devem ser feitas com as pessoas vivas, achei que devia haver um documentário sobre a vida dele, a importância dele na música e no movimento punk e foi isso que me fez avançar”, contou o realizador, Paulo Antunes, à agência Lusa.
Com 32 anos, Paulo chegou à música de João Ribas pelos Tara Perdida, banda que surgiu em 1995, com a extinção dos Censurados. Depois disso, começou a ouvir também Kus de Judas e Censurados, bandas formadas na década de 1980 no bairro de Alvalade, em Lisboa, onde João Ribas cresceu e viveu.
Em setembro do ano passado, o músico foi homenageado em Alvalade com a inauguração de um mural no jardim junto à Biblioteca Municipal dos Coruchéus, que foi batizado João Ribas.
“Um punk chamado Ribas” começou a tomar forma já depois da morte do músico, a 23 de março de 2014, aos 48 anos. “Foi um trabalho longo, a primeira gravação que fizemos foi em maio de 2015 e demorou quase quatro anos a ficar concluído”, recordou Paulo Antunes.
O documentário inclui entrevistas e imagens de arquivo, facultadas por familiares e amigos do músico, de concertos, ensaios, mas também de momentos de convívio de João Ribas com amigos.
Para Paulo Antunes, João Ribas “sempre foi a peça fundamental do punk em Portugal”. “E foi também isso que eu quis registar, a importância dele para o movimento punk e também para a música portuguesa no geral, porque não teve só influência no movimento punk”, referiu.
Nas várias entrevistas que fez para o filme, Paulo Antunes constatou “exatamente isso, a importância que ele teve para várias pessoas, para várias bandas”.
“Hoje em dia, continuam a aparecer bandas que têm essa influência do João Ribas e acho que era importante isso ficar documentado”, referiu.
Entre os entrevistados para o documentário estão Isabel Ribas e João Diogo Ribas, respetivamente irmã e sobrinho de João Ribas, o radialista Henrique Amaro, os músicos João Pedro Almendra (Kus de Judas, Peste & Sida), Tó Trips (Dead Combo), Samuel Palitos (Censurados, A Naifa), Orlando Cohen (Censurados, Peste & Sida) e Rui Costa ‘Ruka’ (Tara Perdida e Rasgo).
“Um punk chamado Ribas” é o “primeiro grande trabalho” de Paulo Antunes no cinema. O primeiro foi uma curta-metragem, no âmbito de um curso de cinema documental.
Os “únicos apoios” que teve foram da equipa que trabalhou com ele. “Fomos nós que fizemos os apoios”, disse.
“Um punk chamado Ribas”, que integra a secção IndieMusic do 16.º Festival Internacional de Lisboa - IndieLisboa, é exibido na segunda-feira ao final da tarde no Cinema São Jorge, na sala Manoel de Oliveira.
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