A alemã Boehringer Ingelheim, a maior farmacêutica privada do mundo, desafiou investigadores dos quatro cantos do globo a apresentarem soluções de preservação e sustentabilidade para produtos biofarmacêuticos, também conhecidos como medicamentos biológicos.

Neste âmbito, a investigadora Ana Rita Duarte, do Departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa | NOVA FCT, com os alunos de doutoramento Liane de Meneses e Filipe Oliveira, propuseram a utilização das práticas sustentáveis de química verde para ultrapassar o desafio — projeto que viria a ser selecionado e consequentemente vencer o concurso.

Em comunicado enviado às redações, é detalhado que a "solução inclui o uso de solventes eutéticos, como o mel, que devido à sua natureza viscosa, permitem uma melhor preservação da estrutura das moléculas, incluindo à temperatura ambiente" e que a "solução sustentável apresentada preserva os biofarmacêuticos e contribui para uma menor pegada ecológica da indústria farmacêutica".

O desafio lançado pela Boehringer Ingelheim acontece porque atualmente os biofarmacêuticos são compostos por moléculas sensíveis com tempo de vida limitado, usualmente administradas por via intravenosa. E como a sua preservação é baseada num processo de congelação/secagem, designado por liofilização, há um elevado consumo de energia e de produção de gases de efeito de estufa — que deixam pegada ecológica e que a farmacêutica quer reduzir.

“A seleção da solução proposta pela nossa equipa demonstra uma clara aposta da indústria farmacêutica em aplicações mais verdes e sustentáveis”, explica a investigadora Ana Rita Duarte, da NOVA FCT, citada na nota.

Os investigadores portugueses concorreram com 23 outros projetos de 12 países diferentes e foram os selecionados para um financiamento de 65 mil euros que visa a otimização da solução, a ser publicado numa revista científica internacional de referência, e a consequente implementação industrial, no prazo de 12 meses.