Aos 42 anos, Cruz dá sequência à Estação de Serviço, projeto criado no regresso aos palcos em 2015, com Nico Tricot, António Serginho e Eduardo Silva, com Extensão de Serviço, cujo primeiro ‘single’, “Ainda Não Acabei”, foi lançado no final de julho.
“Foi uma ideia intermédia. A ideia da Extensão de Serviço foi fazer uma coisa um bocado diferente, ao dar nova roupagem a músicas antigas e tocar novas, para levar coisas novas aos concertos”, explicou, à Lusa, o músico.
Os concertos, como o do festival Mimo, em Amarante, no passado dia 23 de julho, no Sol da Caparica, a 12 de agosto, e no Paredes de Coura, a 19, surgiram para poder “pôr as músicas à prova” em palco.
“Vou começar a gravar (novas músicas) no início do próximo ano, mas queria já tocar e pôr as músicas à prova. É sempre um bocado estranho, ainda para mais num festival, lançar material novo, porque as pessoas não conhecem”, comentou o músico, que em Amarante pôde tocar pela primeira vez os novos arranjos, num momento em que estavam “um pouco verdes” e em que tiveram “algumas falhas técnicas”, ainda que tenha ficado satisfeito com o resultado.
Poder perceber “como as músicas funcionam ao vivo” permite acertar os arranjos antes de entrar no estúdio, para poder depois gravá-los “sem ser tanto pela experimentação”, ainda que tenha acontecido “porque foi o rumo das coisas”.
O novo material de estúdio, garante o antigo vocalista de Ornatos Violeta, nascerá “sem um conceito prévio, é o que sai”, até porque o processo “não é uma coisa fácil, é o que sai naquela luta de ideias”, como, aliás, sempre fez.
Quanto ao lado instrumental, o conceito é “mais depurado, até no sentido das sonoridades, porque há algumas que resultam e são aplicadas em várias músicas, constrói-se um leque sonoro”.
Entre as sonoridades exploradas estão a tecnologia digital MIDI, “os teclados, o mellotron”, entre outras ideias, como a de inserir um cravo, através do meio digital, após “dois meses a aprender o ‘software’ utilizado” para poder programar os sons, sem que “o digital substitua o acústico ou vice-versa”.
“Há uma panóplia enorme de sons, há muitas coisas que ao gravar não têm uma expressão acústica, o que torna ainda mais fácil a gravação da voz, do baixo”, contou Manel Cruz, que confessou que se sentiu “atraído pelo sentido prático, de ter de uma forma muito fácil aqueles sons, de ter o piano, o harmónio ou o cravo”, combinados com os instrumentos acústicos.
Manel Cruz e a banda que o acompanha vão dedicar “quatro meses” à gravação das novas músicas, que poderão sair de forma gradual através da Internet, como álbum ou “em pacotes de músicas, ou em edição em vinil”, uma “incerteza” que se baseia na facilidade de gravar e divulgar faixas à medida que vão sendo terminadas.
“Acaba por ser uma adaptação ao mercado, um aproveitar de como ele está atualmente”, considerou o cantor, que vai procurar explorar a “liberdade e autonomia na apresentação do trabalho”, sem se “prender” à lógica de um álbum convencional, o que vai ao encontro, disse, da política da sua editora, a Turbina, com quem já tinha trabalhado com o projeto Foge, Foge Bandido.
Além das datas de verão, o projeto terá apresentações no Porto e em Lisboa “na parte final do ano”, com duas outras datas nas cidades brasileiras de Olinda e Rio de Janeiro, no âmbito do Mimo, uma experiência que deixou o portuense “muito contente”, pela experiência e pelo acesso ao “desconhecido” do Brasil, onde há um “mercado enorme, com uma variedade tremenda e grande qualidade musical”.
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