O concerto será inédito para ambos, embora levem para palco décadas de experiência e de carreira enquanto pianistas, compositores e músicos que — reconheceram – não só gostam de trabalhar em colaboração como também de improvisar.
Na véspera desta atuação, Mário Laginha, 62 anos, e António Vitorino d’Almeida, 82 anos, estiveram num atelier de pianos, perto de Lisboa, mais a conversar e a trocar ideias do que a ensaiar.
“Abrimos as tampas do piano e fomos inspirados pela presença física dos ditos, mas não tocámos nem uma nota. Queremos mesmo, genuinamente, improvisar”, afirmou Mário Laginha.
António Vitorino d’Almeida exclamou, entre risos: “Era muito preocupante, a 24 horas do concerto, não fazermos ideia nenhuma. Assim é que é bom! Não sabemos se vamos começar forte ou piano, rápido ou lento. Não fazemos ideia nenhuma!”.
O que ambos levam para o Coliseu do Porto é uma experiência que dizem ser irrepetível, porque será de improvisação, mas que condensa o percurso entre o jazz e a música clássica, com múltiplas derivações por outros caminhos da música, como por exemplo, o fado, para o qual ambos compuseram.
“É por não sermos individualistas que isto é possível. Porque temos curiosidade e por gostarmos e percebermos no outro um mundo musical que atrai e que estimula”, afirmou Mário Laginha.
Os dois pianistas recordaram que já tinham “feito algumas brincadeiras em situações diversas”, num piano e a quatro mãos, nomeadamente em manifestações em defesa da Cultura, mas nunca uma atuação de dois pianos em diálogo em palco.
Agora, será “um concerto sem rede”, descreveu o maestro António Vitorino d’Almeida, enquanto Mário Laginha falou em desafio.
“Eu acho que é tanto desafio para nós como para quem nos ouve. Quem nos ouve percebe que estão a ser confrontados com a improvisação total e eu acho que isso desafia a forma de ouvir”, sublinhou.
Depois desta atuação no Coliseu do Porto, que deverá durar uma hora, os dois músicos não descartam outras atuações conjuntas, mas nada está ainda marcado.
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