“Editado pela Métailié, a editora de Lídia Jorge naquele país, e traduzido por Elisabeth Monteiro Rodrigues, ‘Misericórdia’ tem sido muito bem recebido pela crítica, que já o incluiu entre os principais destaques da rentrée francesa”, acrescentou.
Publicado em Portugal em outubro de 2022, o romance “Misericórdia” foi escrito por Lídia Jorge a pedido da mãe, que, internada numa instituição para idosos, no Algarve, várias vezes lhe pediu que escrevesse um livro com aquele título.
A história decorre entre abril de 2019 e abril de 2020, data da morte da mãe da autora, que foi uma das primeiras vítimas da covid-19 no sul do país.
“A minha mãe pediu-me várias vezes para escrever um livro que se chamasse ‘misericórdia’, porque ela achava que havia um desentendimento, no tratamento das pessoas, achava que as pessoas procuravam ser amadas, mas não as entendiam. Pediu-me que escrevesse um livro chamado ‘misericórdia’, para que se tivesse compaixão pelas pessoas e as tratássemos como se fossem pessoas na plenitude da vida”, revelou a autora em entrevista à Lusa, por altura da publicação do romance.
Segundo a escritora, este não é um livro “mórbido” e a sua escrita não lhe suscitou sentimentos de tristeza ou dor. Antes, é um “livro sobre o esplendor da vida que acontece quando as pessoas estão para partir”, sobre os “atos de resistência magníficos, que as pessoas têm no fim da vida”.
“Misericórdia” ganhou o Grande Prémio de Romance e Novela 2022 da Associação Portuguesa de Escritores (APE).
Lídia Jorge estreou-se com a publicação de “O Dia dos Prodígios”, em 1980. Desde então tem publicado romance, conto, ensaio, teatro, crónica e poesia. As suas narrativas foram adaptadas ao teatro, televisão e ao cinema.
De entre os seus livros destacam-se “A Costa dos Murmúrios”, “O Vale da Paixão”, “O Vento Assobiando nas Gruas”, “Os Memoráveis” e “Estuário”.
Amplamente traduzida e publicada no estrangeiro, Lídia Jorge já foi distinguida diversas vezes, nomeadamente com o Prémio Correntes d’Escritas, em 2004, Prémio Albatros, da Fundação Günter Grass, em 2006, e o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas, da Feira do Livro de Guadalajara, no México, em 2020.
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