As obras intitulam-se “Chorinho” e “Cavalo-marinho”, e estão reunidas na exposição “A Mão-de-olhos-azuis de Cândido Portinari”, com curadoria de Maria de Aires Silveira, que é inaugurada às 19:00 e abre ao público na sexta-feira, permanecendo até 30 de dezembro no museu.
Estes dois painéis pertenciam a um conjunto de oito, de temática musical, pertencentes à Rádio Tupi, no Rio de Janeiro, e foram os únicos sobreviventes de um incêndio ocorrido na emissora, em 1949, segundo um comunicado do museu.
A emissora pertencia a Assis Chateaubriand, que decidiu doar as peças a Portugal, em 1951, para que Portinari, seu grande amigo, que sempre protegeu, pudesse estar representado no nosso país.
As obras, consideradas pelos especialistas as duas melhores do artista, pertencem atualmente ao Museu do Chiado e ao Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, não existindo mais obras de Portinari em Portugal, à exceção de alguns estudos, na Fundação Calouste Gulbenkian.
“Raramente expostas, estas peças de temática popular sugerem a fraternidade do universo ibero-americano, a diversidade étnica do povo brasileiro e a sua cultura musical”, indica o museu.
“Chorinho” representa aquele género de música popular, e “Cavalo-marinho” é uma representação festiva de narrativas declamadas.
Ambos os quadros revelam uma construção geométrica de fundos, em composições próximas de uma planificação de volumes, recortados por sombras, linhas e planos, com referências picassianas.
Considerado um dos pintores mais populares do Brasil, Portinari integra-se no modernismo original e clássico, e destacou-se como pintor social e artista oficial, mas afastou-se da ideologia, ligando a pintura à comunicação visual.
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