Com a sua caravana, o cómico português percorre a Alemanha com o circo Charles Knie, sempre acompanhado da família que faz "uma vida normal, como pessoas normais".
"Passeamos, vemos a cidade, fazemos shopping, quando há coisas para as crianças vamos visitar, elas ficam contentes. Depois chega a altura do espetáculo e temos de mudar o nosso chip", disse César Dias à agência Lusa em Hamburgo.
O cómico faz parte da quarta geração de uma família circense mas a mulher nunca tinha tido contacto com a vida de circo antes de o conhecer. Apaixonaram-se em Faro e, a dada altura, Vera acabou por se juntar ao dia-a-dia circense.
"Nem toda a gente se adapta a essa vida, de viajar tanto, com a casa às costas (…) E ela adaptou-se muito, muito bem. E é o amor. Quando há o amor, é tudo mais fácil", disse César entre risos.
As filhas Alice e Melanie nasceram no circo, partilham o quarto na caravana dos pais e já se aventuram pelas artes do espetáculo.
"Eu disse ao meu pai que eu queria ser equilibrista e uns dias depois começamos a ensaiar", explicou Melanie Dias de seis anos antes de demonstrar um dos números que está a treinar.
O circo Charles Knie tem um professor a tempo inteiro apontado pelo Estado alemão, que acompanha os alunos por todo o país, ensinando a língua alemã e outras matérias.
Ainda assim, Alice e Melanie frequentam, à distância, a escola portuguesa e regressam a Portugal esporadicamente para assistirem a aulas e fazerem exames, acabando por ser alvo de curiosidade.
"Pedem-me para falar um bocadinho [de alemão] para eles falarem também um bocadinho. Uns até pedem para brincar aos circos", declarou Alice Dias, de oito anos.
A Alemanha é a casa desta família por agora mas, aos 32 anos, César Dias já percorreu muitos palcos em França, Espanha, Itália, China, Rússia, Cabo Verde e Suíça.
Começou como equilibrista, mas sempre teve um carinho especial pela arte de fazer rir.
"O meu sonho era mesmo o palhaço, queria ser o palhaço. Mas o meu pai sempre me disse: ‘Porquê palhaço? Palhaço não é só pintar a cara, não penses que pintas a cara e és palhaço, há que sentir'. Na altura não entendia, mas agora sei o que é que ele queria dizer com essas palavras", salientou.
Ainda assim, César Dias pintou a face, pôs o nariz vermelho e as vestes de palhaço, mas acabou por concluir que "faltava alguma coisa".
"Via fotos, via vídeos e não me encontrava, não conseguia. Há aqui qualquer coisa que me falha. Então comecei a entender que não seria o palhaço. Eu amo o palhaço, gosto de palhaços, quando vejo palhaços tradicionais, eu adoro. Mas não era aquilo, ainda não tinha encontrado o que realmente queria", disse.
O artista português acabou por descobrir a personagem que hoje é o símbolo do seu trabalho: o cómico César Dias, uma junção entre mimo e palhaço, uma espécie de galã trapalhão que se apresenta em palcos de todo o mundo.
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