Entre a secção oficial estão dois documentários portugueses, “Sobre tudo e sobre nada”, realizado por Dídio Pestana e que passou pelo festival de Locarno, e “Hálito Azul”, de Rodrigo Areias, apresentado em estreia mundial e na ‘corrida’ por um prémio de três mil euros.
Dedicado este ano ao tema “Ficções do Real”, o evento desdobra-se em vários espaços da cidade, em particular no Teatro Municipal Rivoli, mas também o Cinema Passos Manuel, a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, o Planetário, a Universidade Católica, o Maus Hábitos e o Cinema Trindade.
Durante a apresentação, o diretor do festival, Dario Oliveira, elegeu à agência Lusa a competição internacional como “o ponto alto do festival”, num espaço onde serão “apresentados os filmes mais recentes e que representa um enorme desafio para o público”.
A par da competição, a presença portuguesa de quase meia centena de filmes entre as várias competições, os focos de autor, os filmes feitos em ambiente escolar na competição Cinema Novo e nas mostras das várias escolas, foram outros dos destaques feitos por Dario Oliveira.
Ao todo, são 130 os filmes exibidos ao longo de nove dias, que revelam “mais do mundo”, da Rússia ao Peru e a Donbass, na Ucrânia, abordando temas sociais, políticos e de identidade de género, entre outros assuntos.
O “Em Foco” do festival vai debruçar-se sobre o trabalho de Chris Petit e Matías Piñeiro, de gerações bem diferentes, uma vez que o britânico se iniciou em 1979, com “Radio On”, um ‘road movie’ com banda sonora de músicos como David Bowie e Kraftwerk, enquanto o argentino tem 36 anos e tem-se dedicado a adaptar Shakespeare para cinema.
Depois da projeção de “Negative Space”, um “filme experimental que reflete sobre o modo como vemos e recordamos as imagens”, Petit vai conversar com a crítica e investigadora britânica Laura Mulvey, que vai orientar uma oficina sobre cinema durante a estada no Porto.
Também Piñeiro estará no Porto, a acompanhar a exibição de cinco obras, entre elas “Viola”, “In The Museum” ou “La Princesa de Francia”, este último em competição para melhor filme no Festival de Locarno.
O argentino escolheu ainda um filme para ser exibido no âmbito do programa de ‘carta branca’ do evento, no caso “Il Monte delle Formiche”, documentário do italiano Riccardo Palladino que terá estreia em Portugal depois de ter valido o prémio de Melhor Realizador Emergente em Locarno.
A dupla António Reis e Margarida Cordeiro é alvo de retrospetiva, com um programa de conversas à margem das sessões e uma exposição, “Como o sol/Como a noite”, em Belas Artes.
Serão exibidos “Jaime” (1974), “Ana” (1985) e “Rosa de Areia” (1989), além da projeção de uma versão restaurada e digitalizada de Trás-os-Montes” (1976), uma “obra maior do cinema português”.
Por seu lado, o seminário Fórum do Real, programa paralelo de debates e conferências sobre o cinema documental, vai contar com um painel intitulado “Rever Reis e Cordeiro”, com convidados ainda por anunciar.
No ciclo ‘Transmission’, dedicado à música, o destaque vai para a exibição de “Ainda Tenho um Sonho ou Dois — A História dos Pop Dell’Arte”, de Nuno Galopim e Nuno Duarte, mas também há espaço para “Escola do Rock”, de Amadeu Pena da Silva, ou um concerto da italiana Valentina Magaletti e João Pais Filipe, no dia 30, entre projeções, atuações ao vivo e uma festa de encerramento.
O evento conta ainda com vários programas paralelos, como o ‘Sessões Planetárias’, com projeções de filmes onde “se costumam ver estrelas” no Planetário, o quarto Encontro Profissional de Co-Produção Luso-Galaico, pela primeira vez em Portugal, ou a competição para escolas de cinema do ensino superior.
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