Introdução
O meu amigo Robert Harris escreveu há quatro anos um romance intitulado The Second Sleep, passado numa comunidade medieval primitiva do sudeste de Inglaterra. Já a meio do livro surge um momento crítico, quando o sacerdote, que é a personagem principal, se depara com um estranho artefacto antigo que o leitor, mas não o homem de Deus, facilmente identifica como um telemóvel. É assim que se torna aparente que a ação não se desenrola no passado remoto, mas no futuro, quando o planeta voltou a ser um deserto despovoado por sucessivas catástrofes, precipitadas inicialmente por um colapso da Internet. É um vislumbre do que poderia ser o futuro residual da humanidade a seguir a um conflito entre superpotências, que tem de se revelar quase inevitavelmente de natureza nuclear. A ficção de Robert, localizada nas consequências muito provavelmente irreversíveis dos últimos dias, perdurou no meu espírito enquanto investiguei e escrevi este livro, sobre acontecimentos de sessenta anos atrás. Mais recentemente, a minha narrativa, que parecia de interesse meramente histórico quando embarquei nela, ganhou uma atualidade e uma relevância novas e chocantes, graças à invasão e violação russas da Ucrânia.
No curso de mais de quatro décadas da Guerra Fria, cada um dos lados foi responsável pela sua parcela de arremetidas e tropeços perigosos. No campo soviético, houve o falhado estrangulamento de Berlim em 1948-49 e a invasão da Coreia do Sul pela do Norte em junho de 1950. Passados cinco meses, o arrogante general Douglas Mac Arthur conduziu rapidamente e em força as tropas das Nações Unidas até às fronteiras da Coreia do Norte com a China e advogou depois o emprego de armas nucleares, como forma de retaliação pelas humilhações que os «voluntários» do Exército de Libertação Popular de Mao Zedong lhe tinham infligido no campo de batalha. Mais tarde, vieram, em 1956, a repressão soviética do Levantamento Húngaro e a invasão anglo-francesa do Egito para reaver a posse do Canal de Suez. O ataque a Cuba de abril de 1961 patrocinado pelos EUA abalou a incipiente administração Kennedy. Em 1968, tropas soviéticas suprimiram sangrentamente a «Primavera de Praga». Dois anos mais tarde, as greves dos estaleiros de Gdansk foram do mesmo modo reprimidas a tiro. A intervenção no Afeganistão em 1978-79 revelou-se um desastre para a União Soviética, rivalizando com aquele gerado pela longa agonia da América no Vietname, que se tornou uma tragédia muito mais profunda para os povos da Indochina.
Nenhum destes acontecimentos, porém, nem outros que envolveram os dependentes de ambos os lados, se equiparou ao perigo criado pela Crise dos Mísseis de Cuba em 1962. Alguns historiadores procuram hoje em dia diminuir a sua gravidade. Garantem eles: nenhum dos lados queria uma guerra nuclear. Isto é verdade, mas parece totalmente errado supor que era improvável que o pior acontecesse. Em 1992, numa conferência em Havana sobre a Crise, o ex-secretário da Defesa dos Estados Unidos Robert McNamara manifestou o seu espanto perante as revelações sobre o arsenal à disposição dos defensores soviéticos de Cuba trinta anos antes, incluindo armas nucleares táticas. Disse a um repórter: «Aquilo foi aterrador. Significou que se tivesse sido levada a cabo uma invasão americana, caso os mísseis não tivessem sido retirados, haveria 99 por cento de probabilidade de ter tido início uma guerra nuclear.» McNamara disse isto, é claro, durante os seus anos de mea culpa, a seguir à destruição da sua reputação no Vietname. O seu palpite dos «99 por cento» era largamente exagerado. No entanto, o seu choque era bem justificado.
Ao longo de outubro de 1962, John F. Kennedy citou frequentemente o celebrado best-seller de Barbara Tuchman August 1914, publicado poucos meses antes na Grã-Bretanha, pela empresa familiar do primeiro-ministro Harold Macmillan. O relato de Tuchman é contestado por alguns especialistas modernos. Num ponto, todavia, a sua opinião parece incontornável. Nenhuma das potências beligerantes queria a grande guerra que teve. Mas tanto a Áustria-Hungria como a Alemanha quiseram uma guerra pequena, para esmagar e desmembrar a Sérvia, e alguns generais alemães estavam desejosos de aproveitar qualquer oportunidade para humilhar a Rússia antes que o seu crescente poder económico e militar se pudesse tornar avassalador. Os intervenientes perderam o controlo dos acontecimentos, com consequências para a Europa que se revelaram calamitosas.*
Nos primeiros dias da crise de 1962, os chefes do Estado-Maior das Forças Armadas americanas transmitiram à Casa Branca a recomendação unânime de um bombardeamento maciço de Cuba, seguido da invasão e ocupação da ilha. É arrepiante ler hoje nos arquivos da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) o testemunho subsequente dos seus oficiais superiores afirmando a sua impenitência por terem instado à guerra; a sua persistente convicção de que a América podia ter assegurado uma «vitória decisiva»; o seu desprezo pelo presidente e pelos civis que o rodeavam, que se tinham «acobardado».
Houve vários momentos nos Treze Dias – 16-28 de outubro – em que John F. Kennedy foi sujeito a uma enorme pressão por parte de alguns dos membros da sua equipa da Casa Branca, incluindo o Conselheiro Nacional de Segurança, McGeorge Bundy, para ceder aos falcões. «Ken, nunca fará ideia da quantidade de maus conselhos que recebi», disse mais tarde o presidente a Kenneth Galbraith. Parece precipitado assumir que, por mais contrárias que fossem as opiniões do Kremlin, os oficiais russos em solo cubano pudessem ter aceitado milhares de baixas entre os seus 43 mil soldados, juntamente com uma derrota local, sem desfecharem algumas das armas nucleares táticas sob o seu controlo. Não havia salvaguardas tecnológicas que impedissem as guarnições de disparar à ordem dos seus comandantes. Uma vez sofridas pelos invasores as suas próprias pesadas baixas através de uma explosão nuclear, mesmo pequena, é improvável que o povo americano tivesse permitido a Kennedy recusar-se a escalar o conflito.
Há pormenores contestados, quanto a episódios como o que terá envolvido um submarino russo Foxtrot a seiscentas milhas ao largo no Atlântico: o seu comandante, sem saber ao certo se a guerra à superfície tinha ou não começado, ameaçou alegadamente disparar o seu torpedo nuclear quando assediado por navios de guerra dos Estados Unidos. O certo é que ambos os lados tatearam através da crise à sombra de enormes mal-entendidos e que alguns oficiais subalternos dispunham de um controlo sobre o uso de armas de destruição em massa que podia ter desencadeado uma catástrofe não pretendida quer pelo Kremlin quer pela Casa Branca.
Quanto mais me dedico a escrever relatos históricos, mais me deixa arrepiado a névoa de ignorância em que os governos tomam grandes decisões. No século xxi, os Estados Unidos e a China compreendem-se mutuamente pouco melhor do que se compreendiam há seis décadas. Não é mais fácil à Casa Branca adivinhar as intenções do autocrata irritado e meio-doido que é inquilino do Kremlin em 2022 do que era as do seu predecessor em 1962. Os governos de todas as três superpotências, para não falar de nações nucleares menores, assumem riscos que podem um dia revelar-se desastrosos para a humanidade, porque alguém calcula mal, se excede ou concede a subordinados a oportunidade de o fazer.
Há um ponto importante quanto a esta crise que é muitas vezes ignorado: foi predominantemente uma questão política, não estratégica. John Lewis Gaddis escreveu: «As armas nucleares [...] tiveram um efeito notavelmente teatral no curso da Guerra Fria. Criaram um clima de presságio sombrio que trespassou o mundo enquanto os últimos anos de 1950 se tornavam os primeiros de 1960. Obrigaram os estadistas a tornarem-se atores: o êxito ou o fracasso dependia, ou assim parecia, não do que uma pessoa estava a fazer realmente, mas do que parecia estar a fazer.» Racionalmente, e vista em qualquer quadro temporal que não seja curtíssimo, a instalação de armas nucleares soviéticas em Cuba não tornava os americanos significativamente mais vulneráveis do que eram antes: de ambos os lados, os mísseis balísticos de lançamento por submarinos estavam a tornar-se realidades omnipresentes nos oceanos do mundo inteiro. A questão era, antes, de perceção: os Estados Unidos sentiram-se obrigados a reagir à intenção indiscutivelmente agressiva do gesto cubano dos soviéticos.
Se o conflito coreano de 1950-53 foi o mais sangrento choque no campo de batalha da Guerra Fria, a Crise dos Mísseis foi o seu episódio mais perigoso, abrangendo um extraordinário elenco de personagens em todos os lados – temos obviamente de incluir os cubanos a par dos americanos e dos russos. Parece-me uma fraqueza de muitos relatos confinarem-se ao que teve lugar nos Treze Dias decisivos. Tentei, em vez disso, enquadrar os acontecimentos de outubro no contexto do que eram então a América e a URSS e Cuba. De outra maneira, como dar sentido aos comportamentos dos protagonistas, porta-estandartes das respetivas sociedades e produtos das suas muito diferentes experiências históricas? Só nove anos eram passados desde que Nikita Khrushchev tinha desempenhado um papel proeminente na comédia negra da morte do satânico Josef Estaline; menos de quatro meses desde que ele tinha autorizado antecipadamente, e posteriormente avalizado, o fuzilamento de manifestantes operários desarmados em Novocherkassk.
Semanas antes de que Cuba explodisse, Kennedy enfrentou o motim asperamente divisivo da Universidade do Mississippi, organizado por racistas brancos que se opunham à admissão de um estudante negro. Fidel Castro, entretanto, tinha realizado a sua ambição de sempre de se tornar o revolucionário mais famoso do mundo, a despeito de chefiar um dos Estados mais pequenos. Alguns historiadores sustentam que as personalidades desempenham apenas um papel menor na determinação do curso da história, que é dominado ao invés por marés de acontecimentos e ideias. Depois de estudar a Crise dos Mísseis, é difícil defender uma tal tese como verdade universal. Três homens extraordinários – Castro, Khrushchev e Kennedy – dominaram as suas decisões e decidiram o seu resultado.
O presidente dos Estados Unidos continua a dividir os historiadores. A sua imagem heroicamente glamorosa escondia algumas grandes falhas de carácter. No entanto, durante os seus mil dias na Casa Branca, o seu papel na Guerra Fria foi destacado e inspirador, tendo contribuído para alguma da sua retórica mais memorável. Muitas pessoas que conhecem pouco a história da América lembram-se da frase do seu discurso inaugural: «Não perguntem o que o vosso país pode fazer por vós – perguntem antes o que podeis vós fazer pelo vosso país.» Os europeus nunca esquecerão a sua aparição de junho de 1963 nem Berlim Ocidental assediado, onde a sua declaração Ich bin ein Berliner granjeou o aplauso histérico de um milhão de espetadores. O seu papel na Crise dos Mísseis de Cuba representa a sua melhor reivindicação de grandeza, como este livro sustentará, mesmo que também reconheça os erros e fracassos da política americana que o precederam e, de resto, se lhe seguiram.
O estado de espírito desse tempo no mundo ocidental não é fácil de recapturar. Havia uma descrença instintiva na ameaça de aniquilação, entre lugares-comuns tranquilizadores que nos chegavam de todos os lados – eu mesmo era um liceal adolescente, preocupado em eludir o campo de futebol. Víamos, contudo, o reconhecimento do perigo refletido nas parangonas dos jornais; na ubiquidade dentro dos Estados Unidos dos abrigos nucleares e nos treinos contra raides aéreos; na Grã-Bretanha, nos patéticos preparativos da proteção civil para o socorro aos sobreviventes da catástrofe. O historiador Peter Hennessy escreveu espirituosamente o seu horror ao descobrir que a União Soviética tinha destinado cinco megatoneladas nucleares ao porto britânico de Liverpool. Tivessem elas sido lançadas em 1962, antes do iminente nascimento da era dos Beatles e do «Liverpool sound», qualquer posteridade que restasse depois da vaporização da cidade poderia ficar a supor que Cliff Richard representava o pico criativo da música popular britânica.
Graham Perry, aos dezassete anos, era aluno do 6.º ano do liceu em Kent. Durante os Treze Dias, enquanto esperavam que chegasse o seu professor de matemática para a respetiva aula, ele e os colegas discutiram o impasse nuclear. Uma rapariga muito bonita chamada Gillian – e lembrem-se de que estes ainda eram dias de adolescências relativamente virginais – explicava que, caso o apocalipse se anunciasse, ela e as amigas se propunham passar os seus últimos momentos na Terra com alguns rapazes felizardos. E depois acrescentou: «Sabem, se houver um daqueles avisos de quatro minutos, e depois se verificar que foi um falso alarme, algumas de nós vão parecer bastante estúpidas.» O comandante Perry, que me enviou esta sua recordação, comentou sucintamente que, no decurso de uma longa carreira subsequente na RAF, parte dela em ligação com a Força Aérea dos Estados Unidos, «Nunca ouvi uma análise mais concisa ou mais profunda das implicações da Destruição Mútua Assegurada.»
Quanto às minhas próprias credenciais para escrever esta história, duvido que me tivesse atrevido a tentá-lo se não tivesse vivido e trabalhado como jornalista nos Estados Unidos por quase dois anos em 1967-68 e, portanto, me lembre vividamente do país dessa década. Pode valer alguma coisa que tenha conhecido muitos gigantes contemporâneos, incluindo Robert Kennedy, Robert McNamara, Dean Rusk, Lyndon Johnson; mais tarde, vim a conhecer bastante bem Arthur Schlesinger. Menos de seis anos depois da Crise dos Mísseis, estive sentado no Cabinet Room (Sala do Governo) da Casa Branca onde se realizou a maioria das reuniões do EXCOM – o Comité Executivo do Conselho Nacional de Segurança – a ouvir o sucessor presidencial de John F. Kennedy discorrer apaixonadamente sobre um outro trauma nacional – o Vietname.
Também visitei a Sala de Guerra do Quartel-General do Comando Aéreo Estratégico das USAF nos arredores de Omaha, Nebrasca, coroada pelo orgulhoso letreiro, imortalizado no filme Dr. Strangelove (1) de Stanley Kubrick, A PAZ É A NOSSA PROFISSÃO. Anteriormente, em 1966, no interior do casco de um submarino da Marinha Britânica, ouvi ecoar as marteladas geradas pela explosão das cargas de profundidade de treino largadas por navios de guerra atacantes, como as tinha ouvido a tripulação do B-59 soviético que foi perseguido pela Marinha dos Estados Unidos durante a Crise dos Mísseis.
Escreveram-se milhares de livros sobre os acontecimentos de outubro de 1962. Não aspiro a rivalizar, por exemplo, com as meticulosas análises das reuniões do EXCOM de Sheldon Stern ou James Hershberg, nem com as explorações do equilíbrio nuclear e de muitas mais feitas por outros especialistas. Isto é um relato para o grande público, que procura situar esta extraordinária história no contexto do seu tempo, das suas personalidades e do mundo em geral, para uma nova geração de leitores fora dos meios académicos e da defesa e, na verdade, para além dos Estados Unidos, que sempre se arrogaram a propriedade da Crise. Gostaria de esperar que quem quer que leia este livro compreenderá um pouco mais não só a saga cubana, mas a Guerra Fria no seu todo.
Dado que milhões de entre nós, embora não sejamos nós próprios russos, cubanos ou americanos, teríamos sido vitimados se o resultado do Treze Dias tivesse sido diferente, não parece desrazoável que também nós devamos reivindicar os nossos direitos de partes interessadas na sua recordação. Dediquei à perspetiva britânica e, especialmente, à de Harold Macmillan, mais espaço do que o nosso papel de espetadores justifica. Na sua velhice ouvi algumas vezes o antigo primeiro-ministro discorrer sobre a Crise. Os americanos, e explicitamente os historiadores americanos, não reconhecem às vezes que, embora os aliados tenham aplaudido publicamente o desempenho do presidente Kennedy, durante o desenrolar dos acontecimentos tanto temeram um possível erro de cálculo americano como soviético.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill observou com sardónica complacência que a respetiva história o trataria com amabilidade porque ele próprio a ia escrever, como de facto fez. Isto é também parcialmente verdade de John F. Kennedy e da Crise dos Mísseis de Cuba. Foram feitas gravações das reuniões diárias, e às vezes quase de hora a hora, na Casa Branca, cuja transcrição constitui a principal fonte dos historiadores que analisam a conduta americana. Só dois participantes sabiam que as máquinas estavam a rodar – o presidente e o seu irmão mais novo. Não há razão para acreditar que isto tenha influenciado significativamente as suas palavras e atos, mas deve ter havido momentos em que o presidente, especialmente, se tenha lembrado de que estava a preservar para futuras gerações uma crónica do seu comportamento numa crise.
No verão de 1940, Churchill murmurou muitas vezes, na presença do seu pessoal, a frase de Andrew Marvell a respeito da execução do rei Carlos I em 1649: «Nada fez, ou significou, de banal naquela memorável cena.» Churchill, é claro, estava conscientemente determinado a que a posteridade dissesse o mesmo dele. Pode bem ser que John F. Kennedy, um estudante aplicado de Churchill, pensasse uma coisa parecida em outubro de 1962. Outros, entretanto, sentiram-se traídos quando em 1973 foi revelada a gravação. Dean Rusk telefonou à Biblioteca Kennedy para protestar nos termos mais veementes por ter sido conservado um tal registo sem conhecimento de membros do governo como ele.
Algumas testemunhas contemporâneas já afirmaram que existem disparidades entre o que Kennedy e outros disseram durante as reuniões do EXCOM e opiniões por eles manifestadas noutras ocasiões e lugares durante aqueles treze dias, mas não foram gravadas. Tais apartes não invalidam as gravações, que são muito mais credíveis do que as atas escritas das grandes conferências internacionais. Pace Rusk e outros, parece fabuloso termos um registo destes, de um tipo sem precedentes na história.
Todos os arquivos americanos significativos estão hoje acessíveis, incluindo os dos serviços secretos. Uma das muitas razões para admirar a cultura dos Estados Unidos é a sua disponibilidade para expor loucuras passadas e tropeços, bem como triunfos passados, ao escrutínio dos historiadores. As fontes russas, em contrapartida, são muito menos completas; os registos só estiveram muito seletivamente à disposição dos estudiosos durante a preciosa janela da glasnost dos anos 1990. O atual inquilino do Kremlin não está mais disposto a falar sobre acontecimentos idos do que os seus predecessores do século xx.
(...)
A causa duradoura da nossa gratidão pela Crise dos Mísseis é, claro, que ainda estejamos aqui para ler e escrever a seu respeito. Hoje, na esteira dos novos atos monstruosos de agressão por parte da Rússia, esta história possui uma atualidade profundamente deprimente. Mostra os perigos de que as grandes potências se aventuraram até à borda do abismo da qual, felizmente, recuaram em 1962. O mundo não pode estar certo de que tenhamos sempre a sorte de ver os líderes nacionais mostrarem uma sabedoria comparável.
Notas
* Para o estudo pelo autor dessa colossal tragédia, ver Catastrophe: Europe Goes to War 1914 (2013).
1 - 1964, intitulado em Portugal Dr. Estranhoamor. (N. do T.)
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