Numa altura em que histórias sobre zombies ou walkers (como são referidos na série) pareciam ultrapassadas, a série The Walking Dead teve o condão de criar uma legião de fãs e um dos franchises mais valiosos do mundo. As quase sete temporadas completas que já leva têm seguido mais ou menos o guião dos livros e já “trouxeram” e “levaram” uma diversidade de personagens, bastante ao estilo de Guerra dos Tronos.

Começou a ser transmitida em 2010, pelo canal AMC nos EUA e pelos canais internacionais da Fox mundialmente. Baseia-se nos livros de comics escritos por Robert Kirkman, Tony Moore e Charlie Adlard, sendo que o primeiro é também produtor executivo, e foi desenvolvida para televisão por Frank Darabont.

Como é que tudo começa? Na primeira temporada, é-nos apresentado Rick Grimes, um xerife de Atlanta, que acorda depois de ter estado em coma e percebe que o mundo que tinha deixado já não é o mesmo e que se encontra assombrado por um apocalipse zombie, cuja origem nunca é explicada - nem na série, nem nos livros. Na tentativa de descobrir o que tinha acontecido à sua família, Rick conhece Glenn (Steven Yeun) que acaba por o introduzir num grupo de sobreviventes do qual fazem parte o seu filho Carl (Chandler Riggs), a sua mulher Lori (Sarah Wayne Callies) e o seu amigo e parceiro Shane (Jon Bernthal) que se tinham envolvido após darem a morte de Rick como certa.

É difícil encontrar uma personagem atualmente, se incluirmos todas as séries, que já tenha passado por tanta coisa quanto esta de Rick Grimes. Um breve resumo de The Walking Dead aos olhos de Rick demonstra-o: teve de matar o seu parceiro e amigo Shane, perdeu a mulher numa cesariana para salvar o bebé que esta tinha tido com Shane, tem de enfrentar o líder de outro grupo de sobreviventes, o Governador; e, não sendo suficiente a ameaça de walkers, o seu grupo é afetado por uma estirpe de gripe fatal; tem de salvar um dos melhores amigos Daryl (o conceito de melhor amigo neste mundo pós-apocalíptico é relativo ...); quando parte do grupo se reúne e julga estar a salvo num novo acampamento chamado Terminus, descobre que o mesmo é gerido por canibais; após escapar de mais esta ameaça, o grupo liderado por Rick tenta salvar mais um membro perdido através de uma troca de reféns mas este acaba por morrer; entretanto, o grupo encontra o refúgio Alexandria, e Rick tem problemas em coexistir com outro grupo de sobreviventes incapaz de enfrentar a ameaça dos walkers; acaba por assumir a liderança dos dois grupos e o refúgio é invadido por mais um grupo chamado Wolves; o grupo novamente elimina a ameaça mas é imediatamente atacado por walkers, aos quais conseguem sobreviver novamente; após alguma estabilidade, ao tentar negociar com outro refúgio, o grupo entra em confronto com outro chamado Saviors que introduz a narrativa para a temporada atual, a sétima, que se inicia com a morte de Glenn, uma das personagens originais, às mãos de Negan, o inimigo de Rick nesta temporada.Cansados? Confusos? Esmagados com tantos reveses? Só se ainda não são fãs da série - porque para estes "isto" é tudo o que mais pedem.

São anos a fugir de walkers, a enfrentar outros grupos de sobreviventes e com vários amigos perdidos. Enquanto o início da série era mais marcado pela sobrevivência a walkers, nas últimas temporadas os argumentistas têm tentado explorar mais o desenvolvimento de relações humanas num mundo pós-apocalíptico pela introdução de mais personagens provenientes de outros grupos de sobreviventes.

Mas a verdade é que apesar de todo o sofrimento e peripécias, a carnificina patente no ambiente onde a história se desenvolve tem atraído mais e mais fãs ao longo destes anos. O primeiro episódio da série teve 5,35 milhões de pessoas a assistir enquanto o último da sexta temporada teve 14,19 milhões. A série tem sido também das que  registam maiores audiências no grupo 18-49 anos, o mais importante para os ratings da televisão americana para fins publicitários.

Desde o início que The Walking Dead tem enfrentado alguns problemas de orçamento, que levou inclusive ao afastamento de Frank Darabont, criador da série. Contudo, isso não impede a série de ser umas das mais rentáveis atualmente. Porquê? Porque ao contrário do custo elevado de grandes produções como Guerra dos Tronos ou de salários muito elevados como em A Teoria do Big Bang, a série dos zombies consegue uma gestão equilibrada, dir-se-ia perfeita, destas duas rubricas . De acordo com o Hollywood Reporter, cada episódio da série custa em média 2,75 milhões de dólares, o que se compararmos com os 10 milhões de Guerra dos Tronos ou 6 milhões de A Teoria do Big Bang, é francamente pouco.

E o segredo da eficiência de uma série com tantas personagens e cenários pós-apocalípticos reside exatamente nos salários que paga aos atores. Andrew Lincoln é o mais bem pago da série e recebe “apenas” 90.000 dólares por episódio, o que se compararmos com um milhão de dólares de Jim Parsons (Sheldon Cooper em A Teoria do Big Bang) ou 450.000 dólares de Peter Dinklage (Tyrion Lannister em A Guerra dos Tronos), é bastante menos. A razão pela qual a série consegue gastar menos na folha salarial tem a ver com a importância dada a cada personagem para o argumento da série. Das personagens presentes na primeira temporada de The Walking Dead sobram apenas três. O mesmo não acontece com A Guerra dos Tronos apesar de todos os “sustos” e ainda menos na Teoria do Big Bang, característica de uma sitcom.

Mas o orçamento inferior não leva a que a série seja menos aliciante para anunciantes. Pelo contrário, segundo dados da Variety, é mesmo a série mais valiosa da televisão americana com cada anúncio de 30 segundos durante os  episódios a custar 326.000 dólares. Se tivermos em conta, que durante a transmissão de cada episódio semanalmente existem 18 minutos de intervalo, a série faz 11 milhões de receita por episódio e consecutivamente, pouco mais de 8 milhões de lucro se deduzirmos o custo por episódio. A adicionar a isto, a marca TWD - The Walking Dead ainda é capaz de extrair receitas através de videojogos, do lançamento de mais comic books e também de uma série spinoff Fear The Walking Dead, que pretende explorar melhor a origem do Apocalipse.

Segundo os criadores, não existem planos para acabar com a série num futuro próximo e até têm a história pensada para a décima temporada. Por isso, os fãs pelo mundo fora poderão continuar a acompanhar Rick e o resto do grupo nas suas demandas por sobrevivências a walkers e, aparentemente, a um perigo ainda maior… outros humanos.

Quantos aos fãs portugueses terão esta quarta-feira, pela primeira vez, a oportunidades de conhecer as estrelas da série que é transmitida há sete anos em Portugal, pela FOX. Quem não conseguir lugar amanhã no Tivoli, e basta ver os comentários na página de Facebook da FOX para perceber a mobilização, pode assistir ao evento em direto na página do canal de televisão nesta rede social.