O Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC), em Lisboa, anunciou hoje a sua programação especial no âmbito dos “50 anos da revolução que nos trouxe a Liberdade e que iniciou um caminho de profundas transformações económicas, sociais e culturais no nosso país”, lê-se no comunicado.
Além da ópera de António Pinho Vargas, que volta, em junho, ao palco lírico lisboeta, onde se estreou em 1998, o TNSC tem previsto apresentar, no Centro Cultural de Belém (CCB), também em Lisboa, no dia 28 o Requiem pelas vítimas do Fascismo em Portugal (1981), de Fernando Lopes-Graça (1906-1994).
O Requiem, pelo Coro do TNSC, vai ter como solistas a soprano Bárbara Barradas, a meio-soprano Cátia Moreso, o tenor Carlos Cardoso e os barítonos Luís Cansino e Oliver Zwarg, acompanhados pela Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP). A direção musical estará a cargo do maestro Antonio Pirolli.
O TNSC adiantou que na plateia do grande auditório do CCB estarão antigos presos políticos, referindo ainda que o concerto será transmitido pela RTP.
A ópera de Pinho Vargas com libreto de Manuel Gusmão (1945-2023) é apresentada em versão concerto, no TNSC, sob a direção musical do maestro Pedro Amaral.
O elenco é composto pelas sopranos Eduardo Melo, Sara Braga Simões e Sílvia Sequeira, o contratenor Rui Vieira, os tenores Leonel Pinheiro e Jorge Vaz de Carvalho, e os barítonos José Corvelo e Luís Rodrigues, e ainda o Coro do TNSC e a OSP.
“Os Dias Levantados”, uma das quatro óperas compostas por António Pinho Vargas, é “a mais importante obra musical dedicada ao 25 de Abril”, realçou o TNSC.
Ainda no âmbito do Cinquentenário da Revolução, o TNSC em parceria com a Imprensa Nacional, tem previsto a publicação, em três volumes, das partituras das Canções para piano, de Lopes-Graça, com edição crítica do maestro João Paulo Santos.
Fernando Lopes Graça, natural de Tomar, é um dos mais reconhecidos compositores portugueses do século XX, tendo-se destacado pelo desenvolvimento de uma intensa atividade cultural, artística, pedagógica e cívica.
Como compositor, criou uma extensa obra que percorre vários géneros musicais e lhe mereceu reconhecimento nacional e internacional.
Fundou e dirigiu durante mais de 40 anos o Coro da Academia de Amadores de Música, para o qual escreveu centenas de arranjos de canções tradicionais, grande parte das quais recuperada à tradição oral, em viagens pelo “Portugal profundo”, numa colaboração com o etnólogo Michel Giacometti (1929-1990).
Opositor ao Estado Novo, Lopes-Graça foi preso, exilado, destituído das suas funções de docente e até a sua música esteve proibida nas décadas de 1950 e 1960. Só no princípio da década de 1970 a sua música voltou a ser ouvida no Teatro de São Carlos.
Na década de 1980 recebeu diversas condecorações do Estado português.
“Este primeiro conjunto de iniciativas não é exaustivo, nem se esgota neste ano de 2024 uma vez que, recordamos, o programa oficial se prolonga até 2026”, lembrou o TNSC.
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