O encontro do É Desta Que Leio Isto do mês de dezembro lançou um desafio à escritora e editora Maria do Rosário Pedreira: trazer-nos as suas recomendações e sugestões de livros para oferecer neste Natal. A lista foi feita e é sobre estes livros - e muitos outros, claro, uma vez que todos são convidados a trazer as suas próprias sugestões - que recairá a conversa de mais uma reunião deste clube de leitura.
Para participar no encontro, que decorrerá na próxima segunda-feira, dia 21 de dezembro, pelas 21h30, pode inscrever-se através deste formulário. Até lá, mantenha-se a par desta e de outras discussões no grupo de Facebook do É Desta Que Leio Isto.
As sugestões de Maria do Rosário Pedreira
- Uma Barragem contra o Pacífico/O Amante, de Marguerite Duras
Estes são livros de que a autora já falou em inúmeras ocasiões. Nas suas próprias palavras, são obras que lhe ensinaram que a literatura pode ser muitas coisas diferentes, por ter uma prosa muito poética e uma estrutura fora do habitual, que mistura passado e presente, de uma forma não linear e, também, por ter sido com este livro que aprendeu que a maldade pode ser muito bonita.
A Barragem contra o Pacífico conta a história de uma mãe de dois filhos adolescentes que emigra para uma colónia francesa com o marido e se vê em dificuldades financeiras depois de enviuvar. Uma história de ambiguidades e de uma mãe que sente ódio e amor por esses dois filhos a quem dedica toda a sua vida.
Já O Amante é, nas palavras de Maria do Rosário Pedreira, “a história de uma adolescente de 15, branca, que se apaixona por um chinês milionário, convicto que a sua atração é pelo seu dinheiro e não por amor. Este é um livro sobre essa contradição, um amor que é uma coisa verdadeira, mas nunca parece ser uma coisa verdadeira.”
- A Tia Júlia e o Escrevedor, de Mario Vargas Llosa
Este é considerado um dos romances mais originais do escritor sul-americano laureado com o Nobel da Literatura em 2010. Num tom autobiográfico, conta-nos a história de Varguitas, um jovem peruano com ambições literárias e a paixão que nutre pela tia, que tem quase o dobro da sua idade, e com a qual acaba por se casar apesar da oposição da família.
O livro fala-nos também de Pedro Camacho, que escreve radionovelas de sucesso e que, sobrecarregado, começa a confundir personagens e enredos.
À medida que o tórrido e proibido romance entre Varguitas e a sua tia vai chegando a um impasse, também as radionovelas começam a desmoronar-se.
- Os Interessantes, de Meg Wolitzer
Maria do Rosário Pedreira conta-nos no seu blogue que este é um "calhamaço" que se lê "num virote". O grupo de seis adolescentes retratado no livro conheceu-se num campo de férias que explora a criatividade e juram que serão sempre Os Interessantes. A obra acompanha esta amizade e o desenvolvimento das suas vidas ao longo de 30 anos; os sonhos que concretizam ou como se conformam com a realidade e as vicissitudes duma geração nova-iorquina que cresceu nos anos 70 e 80 do século passado.
- Pátria, de Fernando Aramburu
Este é um livro que rapidamente passou para os tops de várias livrarias quando a série, com o mesmo nome, estreou em Portugal na plataforma de streaming HBO. Mas ainda antes do fenómeno em Portugal, era já considerado um dos livros mais impressionantes da literatura espanhola contemporânea.
Pátria conta a história de Bittori, viúva de uma das vítimas dos ataques terroristas da ETA, e da sua necessidade de voltar às origens e à convivência com aqueles que, de alguma forma, estiveram envolvidos na morte do marido. O que outrora os teria unido, o que mais tarde os separou e a impossibilidade de esquecer e necessidade de perdoar numa comunidade fragmentada pelo fanatismo político.
- O Papagaio de Flaubert, de Julian Barnes e A Ridícula Ideia de não Voltar a Ver-te, de Rosa Montero
O Papagaio de Flaubert conta-nos a história de um médico inglês reformado que inicia uma viagem só para poder ver o papagaio embalsamado do escritor Gustave Flaubert, o autor do conhecido romance Madame Bovary. Este é um livro com humor e ironia, e uma lição sobre o escritor, literatura, o amor e sobre a vida e tudo aquilo que lhe dá ou tira sentido.
Já A Ridícula Ideia de não Voltar a Ver-te é uma obra que surge depois de Rosa Montero, autora do livro, ter lido os diários de Marie Curie após a morte do seu marido (sendo a viuvez algo que tem em comum com Curie).
É um livro que mistura memória pessoal da autora e memórias coletivas, que nos fala da superação da dor, das relações entre homens e mulheres, do esplendor do sexo, da morte e da vida, da ciência e da ignorância, da força salvadora da literatura e da sabedoria dos que aprendem a gozar a existência em plenitude.
- Obra Poética, de David Mourão-Ferreira
Esta edição inclui todos os livros e conjuntos de poemas organizados e publicados pelo autor David Mourão-Ferreira, considerado um dos maiores poetas contemporâneos portugueses do século XX e que ganhou notoriedade junto do grande público com os poemas de sua autoria cantados por Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Anda o Sol na Minha Rua, Fado Peniche, Barco Negro, entre outros.
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