[Taylor Swift] afirmou ao Washington Post que a composição se tornou uma obsessão para ela desde bem cedo. «A composição é algo que não consigo deixar de fazer. Estou sempre a escrever.» Essa obsessão começou com um fascínio pela poesia e por «tentar descobrir a conjugação perfeita de palavras, com o número perfeito de sílabas e a rima perfeita para fazer com que salte da página». Tal como acontecia com a música, percebeu que os poemas que lia não a abandonavam; era capaz de repetir as rimas cativantes que lera e, em seguida, tentar criar algo da sua autoria. Nas aulas de Inglês, muitos colegas de Taylor reclamavam quando o professor os mandava escrever poemas, mas não ela. Sem dar por isso, já tinha escrito três páginas de rimas. Muitas delas eram exercícios notáveis.
No quarto ano, participou num concurso de poesia a nível nacional com um poema que escrevera intitulado «Monster In My Closet». Estava entusiasmadíssima com a competição. O poema incluía os versos: «Há um monstro no meu armário e não sei o que fazer / Já alguma vez o viram? / Já alguma vez vos atacou?» Tratava-se de um longo poema que Taylor selecionou com cuidado entre o seu acervo. «Escolhi o mais apelativo que tinha; não quis apresentar um muito sombrio», explicou. Ficou encantada por ser a vencedora e consumida pelo desejo de a partir desse sucesso escrever peças cada vez mais impressionantes.
Também adorava histórias e lia muitas, incluindo A Árvore Generosa, um livro infantil escrito e ilustrado por Shel Silverstein. Publicado pela primeira vez na década de 1960, é uma história sobre uma árvore e um humano que ficam amigos. Taylor também gostava da coleção de livros Amelia Bedelia, da autoria de Peggy Parish e, mais recentemente, continuada pelo sobrinho desta, Herman Parish. As histórias tornaram -se uma paixão para a jovem Swift, que adorava ouvi-las e contá-las. «O meu único interesse era conversar e ouvir histórias», disse à jornalista e apresentadora de um programa de entrevistas, Katie Couric. «Dava com a minha mãe em louca», acrescentou. Geralmente, recusava-se a ir para a cama sem lhe lerem uma história. «E queria sempre uma nova», referiu. Estas leituras atearam uma chispa de criatividade na menina. Andrea recorda-se de que, em criança, Taylor «estava sempre a escrever». Está convencida de que se a filha não tivesse singrado no mundo da música, teria tentado ser escritora ou jornalista. É possível que ainda siga por esse caminho. Certo verão, durante as férias escolares, Taylor chegou a escrever um romance. Foi um exercício de 350 páginas sobre o qual nunca falou muito, mas também não excluiu a possibilidade de o editar um dia, pelo que os «Swifties» (como os fãs de Taylor Swift são conhecidos) poderão ainda ter a possibilidade de ler a sua história. Obteria certamente muita atenção e vendas.
Os leitores não deverão espantar-se se esse romance de Taylor tiver um lado sombrio. Quando era criança, criava muitas vezes conversas imaginárias e enredos envolvendo esquilos e pássaros mortos perto da sua casa pelos gatos que iam e vinham. Estes momentos mórbidos sugerem um lado mais sombrio da sua personalidade, por trás da rapariga americana íntegra de cabelo louro. Também escreveu contos, com os quais impressionou os professores, que achavam que ela tinha um conhecimento da língua inglesa muito avançado para a idade. Atribui a sua imaginação criativa ao ambiente da quinta de pinheiros de Natal. Ali, ao deambular em liberdade, pôde «criar histórias e contos de fadas baseadas no quotidiano», recorda.
Além disso, a quinta providenciou um emprego lucrativo para Taylor durante a infância, onde lhe foi dada uma tarefa peculiar: apanhar ovos de louva-a-deus deixados nas árvores. Esta tarefa era importante para evitar uma infestação destes bichos nas casas vizinhas. Assim, ela andava pelo meio dos muitos pinheiros de Natal a apanhar todos os ovos que conseguisse. A importância deste trabalho ficou bem patente quando, em certa ocasião, ela se esqueceu de inspecionar as árvores e os louva-a-deus incubaram nas casas das proximidades. «Eram centenas de milhares», recordou durante uma entrevista com Jay Leno no The Tonight Show. «E tiveram filhotes, mas não se podia matá-los porque assim seria um mau Natal.»
Não obstante contratempos como este, raras vezes foi castigada com severidade em criança – principalmente porque revelou ser a sua mais dura crítica, uma espécie de arauto da autodisciplina. «Quando me portava mal, costumava pôr-me a mim mesma de castigo», disse ao Daily Mail. Andrea não era para brincadeiras – longe disso, na verdade –, mas hesitava em disciplinar Taylor porque a filha já era «muito exigente com ela própria». Nesta fase, a jovem não sabia o que queria fazer na vida. Muitas vezes, dizia às pessoas que seria uma corretora da Bolsa, mas, mesmo com o legado familiar nesse campo, admite que nem sequer sabia o que isso era. As suas amigas diziam que queriam ser bailarinas ou astronautas. «E eu: “Eu vou ser gestora financeira”», disse.
A adaptação às realidades da vida rural fora um pouco complicada para Scott e Andrea – em especial para Scott, cuja existência era de absolutos contrastes: trabalho nas altas esferas financeiras na cidade durante o dia e tarefas rústicas no campo ao serão. Quanto a Taylor, adorava a vida rural. Montava os póneis pelos trilhos, andava de trator, construía fortes no celeiro, vagueava pelos pomares e adotava animais de estimação de entre a inúmera bicharada do bosque. Esta existência ligada à terra e o amor pela natureza influenciariam a sua música nos anos que se seguiriam. Porém, em termos mais imediatos, teve o efeito de influenciar a sua aparência: os seus cabelos ficaram desgrenhados e emaranhados. Taylor sempre afirmou que estava encantada por ter vivido num «espaço» onde tinha a liberdade para ser «uma criança endiabrada de cabelos desgrenhados».
Com o aproximar da meta dos 10 anos, a Taylor que gostava da vida rural estava a juntar a pop aos seus gostos musicais – ou pelo menos a tentar. Entre as suas preferências, destacavam-se Natasha Bedingfield, as Spice Girls e os Hanson. O seu quarto álbum de estúdio, Red, evidencia indícios destas três influências.
Também ouvia Backstreet Boys e Britney Spears, coreografando os passos de dança dos seus principais êxitos com uma amiga. A pop foi uma paixão passageira para Taylor, mas foi divertido enquanto durou.
Aos 10 anos, decidiu que queria atuar. Já desempenhara alguns papéis em pequenas produções locais, incluindo uma personagem masculina chamada Freddy Fast Talk numa dessas peças de teatro. Para Taylor, o facto de a personagem ser um rapaz, e ainda por cima um rapaz rebelde, não fez qualquer diferença. «Por mim era assim: “Eu visto-me como um rapaz; quero é cantar aquela canção”», explicou. O empurrão seguinte foi quando uma companhia de teatro infantil local chamada Berks County Youth Theater Academy (BYTA) levou à cena uma versão de Charlie e a Fábrica de Chocolate, o clássico de Roald Dahl. Taylor adorou ver a peça e sentiu vontade de ela própria estar em palco. Poucos dias depois estava de volta ao teatro para fazer uma audição para um papel na produção seguinte, Annie. A sua prestação foi suficientemente impressionante para ser aceite pelo grupo. Ali, conheceu outros jovens que eram, de forma significativa, como ela: tinham sede de atuar e ter sucesso. Havia bastante competitividade e, por vezes, também inveja, mas pelo menos o dinamismo destas crianças daria um empurrão a Taylor, garantindo que ela se esforçava e mantinha o foco. Foi entre aquelas quatro paredes que as ambições da jovem foram alimentadas.
Com o passar do tempo, descobriria que tinha várias coisas a seu favor na BYTA: para começar, era alta, pelo que se destacava em palco, como era esperado de uma protagonista. Contudo, inicialmente ela achou a sua altura uma desvantagem, pois destacava-a desajeitadamente de entre os seus pares, o que só contribuiu para a ansiedade que sentiu nesses primeiros tempos. Felizmente, conseguiu um papel em Annie, ainda que pequeno. Segundo uma fonte, praticamente toda a gente que fez a audição conseguiu um papel na produção.
No entanto, a confiança que granjeou com a experiência em Annie ajudou-a a conseguir o seu primeiro papel principal, no famoso musical Música no Coração. Teve um desempenho de se lhe tirar o chapéu, tanto que, ao contrário do que era comum na BYTA, não teve folga em metade dos espetáculos do fim de semana. Pelo contrário, entrou em todos, tendo a seguir conseguido outro papel importante, o de Sandy na produção Grease.
Ao interpretar as canções de Sandy, Taylor apercebeu-se de que a sua voz tinha uma sonoridade distintamente country. «Era só o que eu ouvia, pelo que calculo que fosse natural», referiu ao canal Great American Country. É a partir deste momento que o resto da sua história se constrói: afirmou que decidiu naquele instante que «a música country era o que eu precisava de fazer».
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