A peça fala “sobre o medo e a legitimidade de se ter medo”, disse à agência Lusa a encenadora Catarina Requeijo, que põe em cena uma colagem de textos escritos por Inês Fonseca Santos e Maria João Cruz, a partir de histórias e contos infantis.
A ação centra-se numa menina que não tem medo de nada e que anda à procura de ter medo de alguma coisa, até que se encontra com um lobo que devia provocar-lhe medo, mas que não consegue fazê-lo, acrescentou a encenadora.
Questionada sobre a influência de “O capuchinho vermelho”, Catarina Requeijo admite que a peça se inspira numa figura de um lobo mau e em outras histórias para crianças que falam sobre o medo, já que este foi o ponto de partida para o trabalho.
“E é dessa colagem de várias histórias que surge a dramaturgia do espetáculo”, observou.
A escolha do medo, como tema, era evidente para Catarina Requeijo. A encenadora argumentou que este “é estruturante no crescimento pessoal das crianças, bem como no de todos os seres humanos e até dos animais”.
O medo “é o que nos faz não nos atirarmos de uma janela", disse à Lusa. "É o que nos protege de uma série de coisas. Por isso achámos interessante falar sobre o medo nesta fase da infância dos três aos seis anos”, argumentou.
Falar de medo para que se possa ultrapassá-lo, assimilá-lo, integrá-lo. “Tudo depende da forma como se encara a questão”, sublinhou. Abordar o medo, "para que as crianças percebam que é uma coisa normal”, acrescentou, alegando que se fala muito pouco sobre o medo.
“Mau, mau, Lobo Mau!”, a peça – com Gonçalo Egito e Sandra Pereira –, é dirigida a famílias com crianças dos três aos seis anos, vai estar em cena no Salão Nobre, e é o quarto trabalho do projeto “Boca Aberta”, iniciado em 2015, no Teatro Nacional D. Maria II.
Trata-se do primeiro de dois espetáculos produzidos pelo D. Maria II, este ano, no âmbito do projeto pensado para a infância. Em 11 de maio estrear-se-á o segundo, “Falas estranhês”, que ficará em cena até 01 de junho.
O "Boca Aberta" procura introduzir as crianças ao teatro e às expressões dramáticas, com espetáculos desenvolvidos a partir de textos que fazem parte do Plano Nacional de Leitura, clássicos da literatura portuguesa e obras de autores portugueses e estrangeiros.
Pelo quarto ano consecutivo, este projeto do D. Maria II leva dois espetáculos a jardins de infância da cidade de Lisboa, e atrai crianças à casa do teatro, no Rossio, com apresentações no Salão Nobre, destinadas a escolas e a famílias.
Na edição deste ano, o "Boca Aberta" foi alargado a todos os jardins de infância da cidade, estando agora presente em mais de setenta salas de aula.
A juntar aos espetáculos, o "Boca Aberta" oferece ainda formação para educadores de infância e professores do ensino básico, em oficinas realizadas anualmente, pelas quais já passaram mais de cem profissionais de educação, segundo os números do Nacional D. Maria.
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