“A última vez que cantei na Terceira foi precisamente aquando da inauguração do auditório onde vou cantar agora, que foi inaugurado pelos Madredeus”, adiantou, em declarações à agência Lusa, a propósito do espetáculo "Horizonte e a Memória", que leva ao Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo no dia 23 de março.
Do público açoriano, que diz ser “bastante musical”, guarda boas memórias, mas também do arquipélago, que mereceu um tema instrumental dos Madredeus ("As ilhas dos Açores").
“Acho que os Açores são um território muito especial. O Rob Rombout, um realizador holandês, fez um filme que se chama ‘Os Açores dos Madredeus’, em que essas ilhas maravilhosas que estão no meio do Oceano Atlântico, cheias de bruma, de mistérios, de beleza, de vida, de tantos recursos, foram visitadas por nós e cantadas por nós”, lembrou.
O concerto, na ilha Terceira, no qual será acompanhada por Óscar Torres (contrabaixo), Rui Lobato (bateria, precursão e guitarra), Carisa Marcelino (acordeão) e José Peixoto (guitarra), apresenta o seu segundo álbum a solo, "O Horizonte", lançado em outubro de 2016, mas também algumas memórias do grupo a que deu voz durante 20 anos e temas de músicos portugueses como Amália Rodrigues, Zeca Afonso e Carlos Paredes.
“É um concerto em que o fio condutor é o repertório original, mas que depois vai apresentando estes arranjos novos, uma leitura desta nossa memória musical”, revelou.
Durante vários anos, a cantora deixou de fora dos seus espetáculos os temas dos Madredeus, mas o público também não os exigia.
“Só muito recentemente comecei a juntar ao concerto alguns temas dos Madredeus, porque achei que já fazia sentido. Já tinha feito um percurso que já me permitia voltar a visitar e a oferecer ao público e a mim mesma a alegria de cantar algumas dessas canções, porque as pessoas naturalmente esperam que assim seja, muitas delas conhecem-me daí”, explicou.
A música portuguesa, segundo a cantora, “não está muito presente nos meios de comunicação, mas há um património extraordinário de música que é bom continuar sempre a visitar”.
“Hoje em dia há outros suportes de imagem e de som, mas a rádio e a televisão são os meios tradicionais, a que a larga maioria da população continua ligada, e sem dúvida que seria fundamental que fosse oferecido ao público em geral uma imagem da música, tanto nacional, como internacional, bastante mais vasta e coincidente com a realidade”, defendeu.
Depois de um “percurso especial” de 20 anos com os Madredeus, Teresa Salgueiro iniciou uma carreira a solo, lançando, em 2012, o seu primeiro álbum "O Mistério", com temas originais.
“Desde 2012 que me apresento ao público não apenas como intérprete, mas como autora do repertório que canto. É uma nova faceta, um novo desafio”, apontou.
O interesse pela escrita começou com um convite para integrar um coletivo de criação de repertório, que aceitou por “curiosidade” e a partir daí foi descobrindo “capacidades que desconhecia”.
“Este ‘Horizonte’ foi um segundo passo, um reafirmar dessa necessidade que tenho de desenvolver uma linguagem própria”, disse.
O espetáculo mais recente de Teresa Salgueiro foi na Rússia, onde espera regressar, mas o novo álbum já foi apresentado também na Macedónia, Tailândia, Itália, Espanha e Brasil.
O novo trabalho tem tido “boa aceitação” do público, em Portugal e no estrangeiro, e foi distinguido, em 2017, com o prémio José Afonso.
“Foi uma surpresa. Eu estava de partida para o Brasil, em outubro, e estava já no aeroporto quase a embarcar, quando recebi um telefonema a dizer que o disco tinha recebido o prémio”, recordou Teresa Salgueiro.
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