A ideia de criarem um disco que tem Amesterdão como cenário surgiu logo em 2018, pouco depois de editarem “The Mamba King”, o terceiro disco. Uma digressão levou-os à cidade dos Países Baixos onde encontraram “um ambiente altamente inspirador”, contou Pedro Tatanka, o vocalista da banda, em entrevista à Lusa.
“Nascemos [a banda] no Bairro Alto [em Lisboa], num ambiente super boémio. Então quando chegámos lá sentimos que era uma versão 2.0 do ambiente no qual começámos. A ideia — de escrever um álbum conceptual – nasceu aí, mas até que se concretizasse rolou muita água e é uma história bastante longa”, referiu.
Autor de todas a letras, Tatanka foi buscar inspiração a um livro que estava a ler na altura, “Hippie”, obra autobiográfica do escritor brasileiro Paulo Coelho.
No livro, o escritor “relata essa altura de final dos anos 1960, início dos anos 1970, quando Amesterdão era uma capital hippie do mundo, para onde os hippies do mundo inteiro se deslocavam para abraçar aquela experiência ‘Paz e Amor'”.
A maioria dos “factos que aconteciam naquela altura” incluídos nas letras “vêm desse livro”.
Embora o cenário das letras seja real, as histórias que contam são ficcionadas, com exceção de “Love is on my side”, o tema que fecha o disco, mas foi o primeiro a ser criado.
“Essa história é verdadeira. É a última noite em Amsterdão da senhora [que a banda conheceu na cidade], que está a fazer uma retrospetiva da vida toda e que está prestes a morrer. Acaba por ser a primeira [música do disco] que fizemos, que deu o pontapé de saída e a inspiração e a motivação necessárias para avançarmos nisto”, recordou Tatanka.
“Love is on my side” foi a música com que o grupo venceu o Festival da Canção em 2021 e com a qual representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção no mesmo ano.
“Estávamos no meio de uma pandemia quando ganhámos o Festival da Canção e essa era a única música que tínhamos. Ao ganharmos o festival juntámo-nos todos outra vez, ganhámos uma pica e um entusiasmo enorme para começar logo a fazer mais músicas”, contou.
Entre a vitória do Festival da Canção, em março de 2021, e a participação na Eurovisão, em maio, criaram “uma data de músicas”, entre as quais “Crazy Nando”, que surge no álbum tal como foi divulgada naquela altura.
Já “Love is on my side” ganhou uma nova versão. “Esta versão é mais longa, tem um verso que a outra não tinha porque as músicas na Eurovisão têm que ter um tempo limitado”, explicou Miguel Casais, baterista da banda.
A versão apresentada no festival é “mais grandiosa, mais pomposa”, esta é “um bocadinho mais triste”. “Mais em jeito de despedida mesmo”, acrescentou Tatanka.
Neste que é o quarto álbum que editam, os The Black Mamba experimentaram um novo processo de composição das canções.
“Nos outros três discos o Tatanka já trazia uma ideia bastante concreta e a banda fazia pequenos ajustes. Neste caso fizemos vários retiros só para compor. Foram vários dias, em que compúnhamos de uma forma muito orgânica, muito natural. Foi a banda toda que compôs a parte musical”, contou Miguel Casais.
Um processo de composição “à antiga”, que fazia sentido num disco em que a banda está a “recriar o imaginário” da década de 1970, “altura em que havia muito este tipo de composição”, lembrou Tatanka.
“A banda junta-se, ‘jama’ e depois seleciona o que saiu das sessões. É uma das coisas que acaba por tornar o som deste disco tão orgânico e tão natural. Gravámos todos ao mesmo tempo, algo que já não acontece muito. Os retiros já eram em estúdio e a maior parte das músicas são as gravações originais das ‘jams’. Acabou só por se fazer alguma edição”, partilhou.
Para que quem ouve o disco ‘viaje’ com os The Black Mamba até Amesterdão, foi incluído no álbum um interlúdio de um radialista holandês, que apresenta o novo álbum da banda, falando a sua língua materna.
“Last Night in Amsterdam” marca o início das celebrações dos 15 anos de carreira dos The Black Mamba, que vão estar “o ano todo em festa” em 2025.
Em janeiro têm os concertos de apresentação do álbum hoje editado nos coliseus de Lisboa, no dia 17, e do Porto, no dia 24.
“E em maio, quando fazemos efetivamente os 15 anos, temos uma surpresa muito agradável para toda a gente, e depois dos coliseus revelaremos qual é”, referiu Tatanka.
No verão estarão em digressão a celebrar os 15 anos, fazendo “um ‘best of’ dos discos todos e dos momentos-chave da carreira”.
Os The Black Mamba, cujo som se caracteriza como funk, blues e soul, são Tatanka (voz e guitarra), Miguel Casais (bateria), Marco Pombinho (teclas), Gui Salgueiro (teclas), Rui Pedro “Pity” (baixo) e Xico Fernandes (percussão).
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