Gerida pelo Município de Ovar, essa sala do distrito de Aveiro começa assim por apostar no que o vereador da Cultura define como “a identidade local”, já que o formato vareiro de “cantar os reis” está classificado desde 2020 como Património Cultural Imaterial de Portugal por envolver um registo específico de “janeiras” — sempre com uma saudação à audiência, uma mensagem evocativa do nascimento e dos ensinamentos de Cristo, e um agradecimento final à hospitalidade da plateia.
“O ‘Cantar os Reis’ é um dos três mais importantes e identitários eventos do município” e está integrado “numa programação cultural de referência, abrangente e acessível a todos os públicos”, declara Alexandre Rosas à Lusa.
Os concertos de Cantar os Reis estão assim previstos para 6 e 7 de janeiro, sendo o primeiro dia protagonizado por trupes adultas e o segundo por grupos infantis, num total de 25 coletivos.
O Centro de Arte recebe depois, no dia 13, o espetáculo de teatro “Sabão Potassa — Estórias d’Alma Lavada”, que, a partir de uma recolha de histórias locais para crónicas radiofónicas, reúne cerca de 80 elementos da comunidade vareira numa peça que recorda “o tempo em que os pisos de madeira eram lavados com sabão”.
Fevereiro faz-se depois com o espetáculo “Bantu”, em que Victor Hugo Pontes reúne bailarinos portugueses e moçambicanos. Evocando um conjunto de línguas faladas na África subsariana, “Bantu” é descrito pelos seus criadores como “mais do que uma ocorrência linguística: pode ser uma linguagem própria que sobreviveu às línguas europeias impostas; um mecanismo identitário; um signo vedado ao colonizador; uma forma de comunicação, plena de códigos culturais, históricos, religiosos e políticos; a materialização efémera de um longo encontro”.
Os The Gift, por sua vez, atuam a 1 de março, para apresentar “Coral”, o seu mais recente álbum. O grupo define esse disco como um trabalho de contrastes, entre os quais o proporcionado pelo “veludo da parte humana”, interpretada a solo ou em coro, e o “áspero da eletrónica, crua, rude, cruel”.
Ainda em março, no dia 8, o Centro de Arte de Ovar recebe outro espetáculo de dança, “Verbal Images”, que, partindo da partilha informal de experiências associadas a imagens incitadoras de afeto, “sejam elas reais ou imaginárias”, vai recorrer a um “dispositivo cénico manipulável para explorar as ações de observação, comunicação e interpretação como meios de evasão”.
Segue-se, a 15, o concerto de Bruno Pernadas sob o mote “How Can We be Joyful in a World Full of Knowledge? / Como podemos estar alegres num mundo cheio de conhecimento?”. A pergunta dá título ao disco que celebra 10 anos em 2024, e vai ser reintroduzida em palco pelo músico e compositor, que foi convidado para criar o hino oficial das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril, num arranjo para orquestra sinfónica.
A programação do Centro de Arte de Ovar para o primeiro trimestre do novo ano termina a 22 de março com “Casca de Noz”, que é o nome da terceira temporada da digressão que o cantor e compositor Miguel Araújo iniciou em 2019 e com a qual regressa a um formato mais intimista, apresentando-se em palco a solo, apenas com alguns instrumentos.
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