“Um tempo que passou a correr”, disse a intérprete em entrevista à agência Lusa, referindo que a sua carreira coincide com o início do atual século.
Os festejos começam no dia 31 de janeiro, no Casino Estoril, num concerto para o qual promete “surpresas” e em que vai partilhar o palco com amigos como Mafalda Arnauth, Fernando Pereira, Silvestre Fonseca, Ivan Lins, Luís Represas, as Adufeiras de Idanha e o Grupo de Cantares de Évora.
Este concerto em que “a portugalidade irá estar a 100%” irá ser gravado com vista a editar aquele que será o seu primeiro álbum ao vivo.
“Acho que tenho de festejar as minhas vitórias e aquilo que de alguma forma não consegui”, disse a criadora de “Quatro Caminhos”, referindo que tem feito “uma carreira muito discreta, longe do ‘mainstream’”.
A artista confessou: “Foi duro, trabalhando sozinha porque quero, mas tenho conseguido muitas coisas, de forma árdua é certo”.
“Desde o princípio que tenho tentado mostrar às pessoas que não sou só fadista, sou uma cantora que canta as nossas raízes de uma forma transversal. E impor esta verdade na forma como veem o meu trabalho tem sido uma grande batalha, mas está a dar frutos e as pessoas já falam de mim como aquela cantora colorida”, afirmou.
Afirmando o seu projeto musical como “multicultural”, a cantora fez parte, recentemente, do projeto “Florbela Espanca. O fado”, um livro/CD, da autoria de Samuel Lopes, que celebra os 125 do nascimento da poetisa.
Laíns participa com a canção “Eu”, que fez parte do seu álbum de estreia a solo, “Sentidos” (2006).
Para a intérprete “a poesia assume toda uma importância na sua carreira, a par das pesquisas etnográficas”.
“A Florbela Espanca foi a minha primeira poetisa de eleição, a primeira que me recordo de ler e absorver e até quase querer imitar nos meus escritos, que nunca mostrei a ninguém nem vou mostrar”, contou.
A descoberta de outros poetas “tem sido a maior a mais importante viagem nestes últimos 20 anos, que são metade da [sua] vida inteira”.
Para Ana Laíns “cantar em português é cantar em casa" e considera "fascinante o universo poético em português”.
“A hipótese de termos pessoas que escrevam aquilo que todos nós sentimos, na nossa língua, mas não temos capacidade para escrever, é um universo absoluto a descobrir”, disse.
“Cantar na minha língua e as raízes do meu país é o que eu sou”, sublinhou.
Ana Laíns projeta uma digressão nacional celebrativa dos 20 anos na música, que irá passar por Constança, a vila onde cresceu, além de palcos no estrangeiro onde tem atuado com regularidade.
Ana Laíns cantou pela primeira vez em público aos 6 anos em Constância, no Ribatejo, e em 1999 venceu a Grande Noite do Fado de Lisboa, quando decidiu enveredar pela carreira artística.
Em 2006, saiu o seu primeiro o álbum, “Sentidos”, em que gravou, entre outros, poemas de Florbela Espanca, António Ramos Rosa, e com o qual fez uma digressão que passou pela Bélgica, Países Baixos, Rússia e Grécia.
Em 2010, a convite de Boy George, gravou o tema "Amazing Grace", que fez parte do álbum “Ordinary Aklien” (2011) do britânico.
Também em 2010 saiu o álbum “Quatro Caminhos”, em que se estreou como letrista. Também nesse ano participou em dois temas do álbum “Catavento”, de Beto Betuk.
Em 2017, saiu o álbum “Portucalis”, no qual contou com a participação de Luís Represas, entre outros músicos.
O concerto em janeiro no Casino Estoril tem “uma vertente solidária e de retribuição à comunidade, pelo que 10% do valor de bilheteira reverte diretamente para a Re-food de Cascais, que tem por objetivo contribuir para a resolução do problema da insuficiência alimentar de famílias, através da recolha e da redistribuição indireta de excedentes e/ou de dádivas de produtos alimentares”.
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