A verdade é que, atualmente, a competição entre o Interior e Litoral é muito mais equilibrada. Com a inexistência de trânsito que caracteriza esta zona do país, podemos competir lado a lado, em diversos pontos, mesmo com Lisboa. Não temos um Centro Comercial no concelho, mas em meia hora chegamos a Viseu. Podemos não ter uma praia nos arredores, mas temos praia à mesma uma hora de distância. Não temos as mesmas oportunidades de emprego, mas com o mesmo tempo de deslocação ao trabalho, conseguimos chegar às oportunidades de mais de duas dezenas de concelhos. Não temos um andar na capital, mas podemos aspirar a construir uma moradia com a mesma capacidade financeira.
Hoje, viver no Interior, tem um significado muito distinto em relação ao passado. Hoje, Carregal do Sal está a 45 minutos de Coimbra, a 1h30 do Porto e a 4h30 de Madrid. Tudo passou a estar mais perto e, por mais incrível que pareça, conheço pessoas que têm a sua residência permanente no Carregal e trabalham em Londres.
Com um mundo globalizado, e através da internet, a par da disponibilidade de espaços de valor mais reduzido, também a atratividade para empresas de concelhos do Interior aumentou. E o Carregal é prova disso, ao ver em si sediadas empresas que exportam produtos e serviços para muitos países do globo.
A nível cultural, e apesar de ficar longe da diversidade dos grandes centros urbanos portugueses, também o Carregal foi sempre caracterizado por um grande dinamismo, essencialmente promovido por Associações da região. Recentemente, com a instituição da Fundação Lapa do Lobo numa aldeia limítrofe, esta atividade foi ainda mais galvanizada. Todas as semanas, por força do trabalho destes dois motores, existem teatros, concertos, tradições, atividades das mais diversas índoles e eventos populares a tomarem lugar dentro do concelho. Destaca-se, como exemplo deste trabalho, a Associação Contracanto que tem brindado a nossa região com apresentação de peças como Jesus Cristo Superstar, Les Misérables ou Fame, comparáveis ao nível de muitas outras apresentadas em salas mundiais.
Não obstante a aproximação às condições da vida citadina, viver no Carregal é ainda viver num meio em que muito do que havia de bom, permaneceu. Pois viver em Carregal do Sal é poder viver com as portas destrancadas. É conhecer os vizinhos do lado e ter legumes frescos. É saber a que sabe um morango e perceber como o fruto é colhido. É ter tempo para os amigos e tempo para a família. É poder andar de bicicleta sem medo dos carros, é poder calcorrear matas e respirar ar fresco. É poder caminhar para casa após uma noite com os amigos e não ter a menor preocupação com questões de segurança. É viver o Natal, a Páscoa, o Carnaval de uma forma muito própria. É fazer parte da tradição.
Mas também é conviver com desafios. E atualmente, tal como a maioria dos concelhos do Interior, Carregal do Sal tem assistido a um enorme êxodo e envelhecimento da população. Tendo esta preocupação como central, urge trabalhar no desenvolvimento de condições de fixação de pessoas que passará necessariamente pela atração de empresas para o concelho.
É aqui que se pensa, que a par dos mecanismos tradicionais, o turismo poderá vir a desenrolar uma grande importância. A valorização de ativos como a imensa tradição vitivinícola, a proximidade à Serra da Estrela e a existência de uma enorme rede de monumentos pré-históricos, em paralelo com o museu de Aristides de Sousa Mendes (que em breve irá nascer na zona) e todas as tradições do concelho, serão certamente tidas como chave para definir a estratégia do município para atrair pessoas ao Carregal.
Depois de, em 2012, ter feito um Gap Year que o levou a dar uma volta ao mundo por 25 países e a realizar ações de voluntariado na Índia, no Nepal e em Timor, Gonçalo Azevedo Silva percebeu que fazer um Gap Year poderia estar ao alcance de todos. Com o objetivo de trazer o conceito para Portugal e assim melhorar o sistema educativo português, fundou a Associação Gap Year Portugal. Gonçalo é militante da Juventude Socialista e, no mandato que agora termina, exerceu a função de Membro da Assembleia Municipal de Carregal do Sal enquanto eleito pelo PS.
A Minha Terra é uma rubrica especial do SAPO 24 em que várias pessoas são convidadas a falar da sua terra, "à boleia" das eleições autárquicas do próximo dia 1 de outubro de 2017.
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