A artista pioneira da arte conceptual e da performance, de 86 anos, vai transformar Serralves num “jardim de aprendizagem e de liberdade” com a exposição “O Jardim-Escola da Liberdade”, patente a partir de abril, anunciou hoje a fundação, num documento enviado à imprensa.
Esta mostra, que será a primeira apresentação de Yoko Ono em Portugal, é dedicada ao seu trabalho, reunindo obras em papel, performances, objetos e filmes.
“A obra de Yoko Ono, desde os primeiros anos em Nova Iorque e no Japão, abraçou, se não mesmo iniciou, o movimento artístico mais radical da segunda metade do século XX, Fluxus, desafiando todas as convenções e disciplinas com um anarquismo estético que transformou as artes visuais, a música, o cinema, o teatro e o ativismo”, refere Serralves.
No centro de toda a produção da viúva de John Lennon está o compromisso com uma “liberdade perturbadora” que lhe permitiu abordar as questões mais alienantes de seu tempo, desde a guerra, a violência, os abusos políticos, as alterações climáticas ou as crises de refugiados, e que estão presentes na sua obra, em articulação com a ideia de liberdade, sublinhou.
Antes de Yoko Ono, Serralves abre portas, em 20 de fevereiro, à obra de Arthur Jafa, recente vencedor do Leão de Ouro para a melhor participação na Exposição Internacional da Bienal de Veneza de 2019.
A exposição “Uma série de interpretações absolutamente improváveis, ainda assim extraordinárias” (com Ming Smith, Frida Orupabo e Missylanyus) tem no centro da sua obra a ausência de liberdade.
“A ausência de liberdade de um povo oprimido pela sua história, pelo seu presente e pela forma como ambos têm sido representados em narrativas fragmentadas, através da iconografia, dos estereótipos, da cultura popular e dos meios de comunicação social”, adiantou.
No texto de apresentação da programação, Serralves explicou que a exposição “lança luz” sobre até que ponto essas imagens estão “profundamente” incorporadas na nossa cultura.
Essas imagens, acrescentou, revelam a capacidade do artista em fazer colagens e manipular imagens e sons, para criar ambientes que não permitam ao espetador olhar para o outro lado da história atual.
Já em julho inaugurará a exposição “O Sol não se mexe, Capítulo 35” do norte-americano R. H. Quaytman, que tem na sua origem a questão da representação da história, da história cultural e da iconografia.
A exposição “é o capítulo mais recente de um corpo de obra estruturado em capítulos, revelando uma narrativa não literária na qual os ícones da modernidade, os vestígios da história e as estórias pessoais são colocados em camadas para responderem por meio de transferência fotográfica, serigrafia, pintura, à questão de como e o que pintar hoje”, ressalvou Serralves.
As histórias e os tormentos da franco-americana Louise Bourgeois, a escultora da contemporaneidade nova-iorquina, que morreu em 2010, com quase cem anos, irão encontrar o seu local no Museu de Serralves, de outubro deste ano a julho de 2021.
A exposição “Desenvencilhar um Tormento” apresenta quase 30 obras nunca vistas em Portugal, que reúnem angústia, raiva e dor e que atravessam o surrealismo, minimalismo e a política de identidade, reunidas pelo Glenstone Museum (Estados Unidos da América), da obra da escultura que só na década de 1980, aos 70 anos, teve a primeira retrospetiva no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Manhattan.
Segundo Serralves, esta é uma “oportunidade única” de experienciar cinco décadas de trabalho, de investigação sobre a sexualidade e a autobiografia de Louise Bourgeois.
Em 2019, Serralves recebeu 1.074.200 visitantes, o “maior número” de sempre, e que se traduziu num crescimento de mais de 13% face a 2018.
De entre estes, 360.650 foram visitantes estrangeiros, mais 31% em relação ao ano anterior, representando 34% do universo de visitantes.
(Artigo atualizado às 15:22)
Comentários