Já foi considerada segura, já foi suspensa e novamente considerada segura. Já foi dito que “a vacina não está associada a um aumento do risco geral de coágulos sanguíneos e que os benefícios da vacina no combate à ameaça, ainda generalizada, da covid-19 continuam a superar os riscos dos efeitos secundários".

Pouco disto importa a não ser para nos situarmos nesta novela rocambolesca em que o capítulo que importa aconteceu ontem, quando a Agência Europeia do Medicamento apontou para uma “possível ligação” entre a vacina da farmacêutica AstraZeneca e “casos muito raros” de formação de coágulos sanguíneos, insistindo nos benefícios do fármaco face aos riscos de efeitos secundários, dada a gravidade da pandemia.

Entretanto, entre novos avanços e recuos, vários países decidiram traçar limites e não administrar a vacina da AstraZeneca abaixo de certas idades por uma questão de segurança: 30 anos no Reino Unido, 55 anos em França, Bélgica e Canadá, 60 anos na Alemanha, Itália e nos Países Baixos ou 65 anos na Suécia e na Finlândia.

Já hoje, a Austrália e as Filipinas juntaram-se à lista de países que estão a suspender a administração da vacina contra a doença covid-19 da AstraZeneca à população mais jovem, devido a preocupações relativamente à formação de coágulos sanguíneos.

Também esta quinta-feira Portugal juntou-se ao lote de países que aplicaram restrições etárias à administração desta vacina, com a Direção-Geral da Saúde a recomendar que as pessoas com menos de 60 anos não sejam inoculadas com a Vaxzevria.

Mas, em termos práticos, que implicações é que isto vai ter? E que implicações é que já teve? As primeiras cinco perguntas com respostas diretas e práticas.

Em que ponto estamos agora?

Neste momento, “a Direção-Geral da Saúde recomenda, até estar disponível informação adicional, a administração da vacina da AstraZeneca a pessoas com mais de 60 anos”.

E as pessoas com menos de 60 anos que já receberam a primeira dose desta vacina?

A diretora-geral da Saúde apelou às pessoas que já receberam a primeira dose da vacina para que se “mantenham tranquilas”, uma vez que as reações adversas que foram notificadas são “extremamente raras”.

Há casos de tromboembolismos registados em Portugal?

Sim, dois. Nenhum deles fatais. Segundo o presidente do Infarmed, foram reportadas, até hoje, “apenas duas situações”, uma relacionada com a vacina da AstraZeneca e outro com uma outra vacina, que não especificou.

De que forma é que esta decisão vai afetar o plano de vacinação?

Segundo o coordenador da task force, responsável por este plano, a vacinação dos docentes e não docentes, que seriam vacinados este fim de semana vai ser adiada para o seguinte "com as vacinas que forem apropriadas, seguindo a recomendação que acabou de ser emitida”.

De acordo com o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo: "Não vai haver nenhum impacto além disto. As vacinas são suficientes para continuarmos o nosso plano".

As encomendas de vacinas vão sofrer alterações com esta decisão?

“Em relação aos contratos não há nenhuma alteração. Posso até adiantar que amanhã [sexta-feira] irá haver uma reunião com várias das empresas com que há contratos, entre as quais a AstraZeneca”, revelou Rui Santos Ivo, presidente do Infarmed.