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Faltam apurar 19 freguesias em Lisboa. Costa já falou — antes de Rio, o que parece sintomático da noite — para dizer que o PS é "vencedor" porque conquistou pelo menos 150 câmaras (longe, todavia, das 161 de 2017).

Rio subiu ao palanque pouco depois para agradecer aos sociais-democratas, criticar as sondagens e salientar um "excelente resultado" do PSD face a 2017, em que conquistou 98 câmaras.

Se dúvidas houvesse sobre o resultado em Lisboa, dissiparam-se: Carlos Moedas iria mesmo contrariar as sondagens e conquistar a "cidade menina e moça" ao PS.

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A confirmação. "Esta derrota é pessoal e intransmissível", disse Fernando Medina. Sai "de consciência tranquila", acrescentou. "Foi um privilegio servir esta cidade durante seis anos, (...) tenho a consciência de que fizemos o melhor que sabíamos para lidar com uma capital num momento particularmente exigente da nossa história (...), e tenho a convicção de que a agenda que seguimos era a agenda correta para o futuro da cidade de Lisboa".

E no que a futuro diz respeito, Medina só sabe que vai tirar os próximos dias para "descansar". O resto fica para depois, mas é impossível negar o impacto destes resultados no futuro político do autarca considerado como potencial sucessor de António Costa na liderança do PS.

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"Estamos prontos ou não estamos prontos?"

Veremos, há quatro anos de governação pela frente. Para já, é de promessas que se faz a celebração de Carlos Moedas: "Meus queridos amigos, fez-se história hoje em Lisboa. Não tenho palavras para agradecer o voto de confiança e comprometo-me com os lisboetas: não vamos falhar".

A vitória nacional de Costa tem sabor amargo com a derrota em Lisboa, numa reviravolta que as sondagens não faziam prever.

Se esta é "a" história da noite eleitoral, está longe de ser a única.

Na Invicta, Rui Moreira revelou-se invicto e revalidou o passe para mais quatro anos à frente da autarquia, desta vez sem maioria absoluta.

Na Figueira da Foz, um ex-primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes "roubou" a câmara ao Partido Socialista e ensaia um regresso à autarquia que liderou entre 1997 e 2001, depois de conquistar 40,39% votos este domingo.

Em Almada, Inês de Medeiros, conseguiu segurar a autarquia socialista. O bastião comunista foi perdido em 2017 e Maria das Dores Meira, que esteve 12 anos ao leme em Setúbal, era a aposta da CDU para recuperar a autarquia. Não foi suficiente.

Em Coimbra, José Manuel Silva era a aposta do PSD para "roubar" a autarquia ao PS — e cumpriu. O antigo bastonário da Ordem dos Médicos conquistou 43,92% dos votos, impondo uma derrota a Manuel Machado.

Na Amadora, a aposta de PSD e CDS-PP em Suzana Garcia não foi suficiente para retirar esta câmara ao PS, pelo que Carla Tavares tem pela frente mais quatro anos nos destinos da autarquia.

No reduto centrista de Ponte de Lima, onde desde 1976 o CDS só não governou sozinho em três ocasiões — 1979 (Aliança Democrática), 1982 (Aliança Democrática) e 2001 (lista independente) — Vasco Ferraz segurou o bastião. Quando Victor Mendes atingiu o limite de mandatos, o CDS "partiu-se" em três candidaturas: a escolha do partido foi Vasco Ferraz; Abel Batista, com o apoio do PS, encabeçou o Movimento Ponte de Lima Minha Terra (PLMT) e Gaspar Martins apresentou-se pelo Movimento independente Viramilho. Mas nada virou e o CDS manteve-se assim nos destinos da autarquia.

Depois de mais de 15 anos como autarca em Reguengos de Monsaraz, José Calixto era o trunfo do PS para recuperar câmara de Évora. Mas não foi suficiente e os comunistas, com Carlos Pinto de Sá, seguraram a câmara recuperada aos socialistas há oito anos (2013).

No Funchal, Pedro Calado recuperou a autarquia para os sociais-democratas. Nas autárquicas de 2013, o PSD perdeu a maioria que sempre detivera para a coligação “Mudança” (PS, MPT, BE, PTP, PND e PAN), numa lista encabeçada por Paulo Cafôfo — que se demitiu esta noite da liderança regional do partido. Numa declaração na sede dos socialistas, no Funchal, Cafôfo disse que o PS não atingiu o resultado que esperava e que ele próprio não alcançou os objetivos a que se propusera para as eleições autárquicas.

Em Oeiras, a vitória de Isaltino parecia certa e confirmou-se. A história é mesmo a de Alexandre Poço, do PSD, que apesar de ter "dado tudo por Oeiras", não conseguiu ficar à frente do PS, que se apresentou a estas autárquicas com Fernando Curto.

O PS acabou mesmo por perder a câmara municipal de Pedrógão Grande para o PSD. Em 2017, os socialistas ganharam a autarquia que foi governada pelo PSD nos 24 anos anteriores. Mas Valdemar Alves anunciou que não se ia recandidatar, isto depois da polémica sobre as irregularidades na reconstrução de casas ardidas no incêndio de há quatro anos — recorde-se que em 19 de julho de 2018, a "Visão" noticiou que meio milhão de euros de donativos destinados à reconstrução de casas de primeira habitação tinham sido desviados para casas não prioritárias.

Em Castelo Branco, protagonizou-se uma batalha autárquica entre PS e PS: a concelhia escolheu Leopoldo Rodrigues, que conseguiu segurar a autarquia, como candidato à câmara albiscastrense ao invés do incumbente Luís Correia, que cumpriu dois mandatos pelos socialistas e acabou por se candidatar pelo Sempre – Movimento Independente, depois de ter perdido o mandato por via judicial.

E em Viseu, após uma ausência de oito anos, o “dinossauro” social-democrata Fernando Ruas volta à presidência da autarquia. Ruas, que foi presidente da câmara municipal de Viseu durante 24 anos (entre 1989 e 2013), foi a solução encontrada pelo PSD após a morte de Almeida Henriques, que já tinha sido indicado como recandidato pelo partido.

Com mais de 3500 eleições num só dia, são muitas as histórias que ficam por contar. É inevitável.

Moedas disse que "este novo ciclo começa em Lisboa, mas não vai acabar em Lisboa". É o agora presidente da câmara municipal alfacinha a antecipar uma onda laranja. O PSD conquistou 109 autarquias, considerando aquelas a que se apresentou sozinho e às que concorreu coligado. Somando a isto a conquista da capital, Rio aqui tem um balão de oxigénio e é provável que não veja contestada, pelo menos para já, a sua liderança.

Numa longa conferência de imprensa, já na madrugada de segunda-feira, Costa procurou passar a mensagem de que o seu partido manteve o nível de vitórias das eleições de 2013 — mas aquém de 2017. A explicação: um "efeito matemático”, principalmente em virtude do aumento do número de coligações lideradas pelo PSD no território nacional. Salientou, em contrapartida, que o PS continua a ser a maior força política autárquica a nível nacional - e após uma “grave crise” sanitária, económica e social. Contas feitas, o PS conquista nestas eleições cerca de 150 municípios.

O líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos disse que o partido "superou todos os objetivos" nestas autárquicas ao manter as seis câmaras que lidera e ao aumentar os eleitos.

Todos ganham? Nem por isso. Jerónimo de Sousa foi o primeiro a assumir que os “resultados ficaram aquém dos objetivos colocados". Ainda assim, disse que a CDU se confirma "como uma grande força do poder local”. Os comunistas 'chocaram' novamente com o PS, que conquistou mais seis municípios à coligação PCP-PEV, entre eles três bastiões, mas foi Loures, uma das principais apostas e aparentemente mais segura, a surpresa da noite eleitoral.  A CDU tinha recuperado o concelho em 2013 com o dirigente comunista Bernardino Soares e que oito anos depois voltou para a esfera dos socialistas. O município era uma das principais apostas da CDU na continuidade, foi uma das últimas 'paragens' da campanha eleitoral e o palco de um dos maiores comícios. A Coligação Democrática Unitária também perdeu para o PS as autarquias de Alvito (distrito de Beja) e Alpiarça (Santarém). Já o concelho de Vila Viçosa (Évora) foi conquistado por uma coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM.

O líder do Chega admitiu que a “vitória não foi total” nestas autárquicas, já que falha o objetivo de ser a terceira força política nacional. “Queria ficar em terceiro lugar, não consegui, assumo essa responsabilidade, o que eu chamaria uma vitória que não foi total”, admitiu André Ventura. A vitória parcial é esta: o Chega arrecada 19 mandatos nas primeiras autárquicas a que o partido se apresenta.

Inês de Sousa Real, em entrevista ao SAPO24, definiu os seus objetivos: eleger três vereadores, em Aveiro, Cascais e Funchal. E cumpriu. Estas são as três câmaras onde o PAN vai passar a ter responsabilidades executivas.

Tiago Mayan Gonçalves, que se candidatou à Presidência da República no início deste ano apoiado pela Iniciativa Liberal, foi agora eleito presidente da junta de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, no Porto.

Para o Bloco, manter o lugar no executivo da capital era uma prioridade, e conseguiu-o ao eleger Beatriz Gomes Dias — ainda que tenha perdido votos em comparação com 2017. Já norte, os bloquistas conseguem outro dos objetivos nestas eleições: o sociólogo Sérgio Aires tornou-se no primeiro vereador do partido na Câmara do Porto.

Os votos estão quase todos contados, as consequências políticas, essas, começamos a conhecer esta segunda-feira.

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