O dirigente conservador falou com o Presidente francês, Emmanuel Macron, ocasião em que, segundo os seus serviços, “sublinhou a necessidade de a comunidade internacional se reunir e adotar uma abordagem unificada sobre o Afeganistão, tanto sobre o reconhecimento de qualquer futuro governo, como para impedir uma crise humanitária”.

Johnson “anunciou a sua intenção de organizar uma reunião virtual dos dirigentes do G7 sobre o Afeganistão nos próximos dias, com este objetivo”.

Antes, o chefe do governo de Londres tinha presidido a mais uma reunião do gabinete interministerial de crise, designado COBRA.

(O acrónimo COBRA significa ‘Cabinet Office Briefing Room A’ e refere-se a reuniões de crise de membros do governo britânico para articular ações conjuntas de vários departamentos, que se costumam realizar na Sala A).

Aquela reunião do COBRA foi a terceira em quatro dias.

Depois da anterior, realizada no domingo, Johnson apelou aos ocidentais para construíssem uma frente unida para que o Afeganistão “não volte a ser uma base do terrorismo” e que não reconhecessem um governo talibã “de maneira unilateral”.

Garantiu ainda que a “prioridade” de Londres era a vasta operação para retirar de Cabul os milhares de britânicos e pessoal afegão.

A chegada dos talibãs a Cabul no domingo precipitou a saída do país do Presidente afegão, Ashraf Ghani, após terem tomado o controlo de 28 das 34 capitais provinciais em dez dias, e sem grande resistência das forças de segurança governamentais, no âmbito de uma grande ofensiva iniciada em maio – altura em que começou a retirada das tropas norte-americanas e da NATO do país, que deverá ficar concluída no final deste mês.

Um porta-voz do movimento islâmico radical, que governou no Afeganistão entre 1996 e 2001, disse no domingo à televisão pública britânica BBC que os talibãs pretendem assumir o poder no Afeganistão “nos próximos dias”, através de uma “transição pacífica”, 20 anos após terem sido derrubados por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, pela sua recusa em entregar o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Hoje, numa mensagem de vídeo, o ‘mullah’ Baradar Akhund, chefe do gabinete político talibã no Qatar, fez a primeira declaração pública de um líder talibã após a conquista do país, anunciando o fim da guerra no Afeganistão, com a vitória dos talibãs, após a fuga no domingo do Presidente, Ashraf Ghani, e a captura de Cabul.

Com a partida de Ghani, um grupo de líderes políticos formou o Conselho de Coordenação para a transição de poder para os talibãs, composto pelo ex-presidente afegão Hamid Karzai, o presidente do Alto Conselho para a Reconciliação, Abdullah Abdullah, e o líder do partido Hizb-e-Islami e antigo senhor da guerra, Gulbuddin Hekmatyar.