Num mercado de transferências em que já vimos o jovem prodígio Erling Haaland mudar-se do Borussia Dortmund para o Manchester City; o Liverpool a desembolsar junto do SL Benfica 75 milhões de euros, mais 25 milhões em objetivos, por Darwin; Romelu Lukaku a voltar por um empréstimo de oito milhões de euros ao Inter de Milão, que no último defeso de verão recebeu mais de 100 milhões de euros pela contratação do ponta-de-lança belga; entre tantos outros negócios dignos de referência, de Sadio Mané a Raphinha, o grande tema que domina o mercado é o que ainda não aconteceu: a decisão em relação ao futuro de Cristiano Ronaldo.

Depois de em 2021 ter sido o centro das atenções da janela de transferências ao regressar ao Manchester United, clube que o lançou para o patamar mais alto do futebol, onde venceu a primeira Liga dos Campeões e conquistou a primeira Bola de Ouro, depois de três temporadas ao serviço da Juventus, o capitão da seleção portuguesa volta a estar debaixo dos holofotes por, alegadamente, estar a forçar uma saída da equipa inglesa que, oficialmente, apenas disse que o camisola 7 não está à venda e que contam com ele para a próxima temporada.

No início julho, os Red Devils começaram a preparar a pré-época sem Ronaldo. O português não se juntou à equipa no centro de treinos devido a um "problema familiar" e acabou mesmo por não integrar o plantel na digressão de verão que decorreu na Tailândia e Austrália, com o clube a evocar os mesmos motivos.

Paralelamente, a imprensa desportiva inglesa e internacional afirmava que o avançado de 37 anos não estava disposto a perder um dos últimos anos da carreira a disputar uma competição europeia secundária como é o caso da Liga Europa, depois de, na última edição da Premier League, o United ter ficado a 13 pontos do último lugar que permitiria disputar a Liga dos Campeões, competição onde o português é 'rei e senhor', somando cinco troféus e o recorde de melhor marcador de sempre com um total de 141 golos. Em Portugal, por exemplo, o Correio da Manhã noticiava que o motivo para uma eventual saída de Manchester não era desportivo, mas sim pessoal, com a namorada do jogador, Georgina Rodriguez, a ter um papel preponderante na decisão de não voltar à cidade inglesa, depois de na última gravidez um dos dois gémeos de que estava grávida ter falecido.

Independentemente da razão, que nunca teve um eco oficial por parte do próprio Cristiano Ronaldo, do agente Jorge Mendes ou da família do madeirense, as últimas semanas traçaram diferentes destinos para o jogador.

O Paris-Saint Germain foi tido como destino, sobretudo quando se afigurou como possível uma saída de Neymar Jr. da capital francesa. O Bayern Munich também, com a transferência de Lewandowski para o Barcelona. O Chelsea, agora detido pelo empresário norte-americano Todd Boehly, foi um destino apontado. Um eventual regresso ao Sporting CP, clube onde Ronaldo se formou, foi mencionado, o projeto de fazer de Ronaldo um ídolo em Nápoles, como Diego Armando Maradona, também surgiu nos jornais que ainda em Itália mencionaram um possível reencontro com José Mourinho na AS Roma. Em Espanha apontaram ainda para a possibilidade FC Barcelona e Atlético de Madrid, principais rivais do Real Madrid, clube que o português representou e onde alcançou os maiores feitos da carreira durante 10 anos. Falou-se ainda numa proposta de valores astronómicos da Arábia Saudita prontamente rejeitada.

Muitos destes rumores tinham por base as deslocações de Jorge Mendes, viagens a Portugal de dirigentes ou representantes destes clubes ou simplesmente a lógica dos adeptos de futebol que, quase de forma automática, traça os destinos possíveis para aquele que é um dos melhores futebolistas de todos os tempos.

Até hoje, nenhum negócio se concretizou. A hipótese FC Barcelona não teve seguimento, com o presidente dos catalães a confirmar um encontro com Mendes, mas a recusar discutir nomes de jogadores. A hipótese Roma caiu pela lógica, uma vez que o clube orientado por Mourinho vai disputar, tal como o United, a Liga Europa e não a Liga do Campeões. A hipótese Chelsea terá sido vetada, segundo a imprensa, pelo próprio Thomas Tuchel, treinador que levou os Blues à conquista da Champions em 2021 e a quem Boehly terá dado poderes absolutos no que diz respeito às transferências. A hipótese Bayer Munich foi descartada pelo clube bávaro que por várias ocasiões, incluindo hoje, afirmou que contratar um jogador de 37 anos, mesmo que seja Cristian Ronaldo, não encaixa na "filosofia" do clube. A hipótese PSG, que nunca foi forte, parece ter caído depois de Neymar ter afirmado que ficaria em França. A hipótese Sporting, alimentada por uma alegada foto de um dos carros do capitão da seleção de Portugal na garagem do estádio de Alvalade, foi desmentida pelo próprio numa publicação de Instagram da Sport TV. A hipótese Atlético de Madrid, que ganhava força nos últimos dias, foi, na terça-feira, descredibilizada pelo próprio presidente do clube madrileno.

Na teoria, sobra a hipótese Nápoles. O clube do sul de Itália ficou em terceiro lugar na última edição da Serie A e vai discutir a Liga dos Campeões. No entanto, se é verdade que a formação napolitana tem melhorado ano após ano, estando em condições de discutir a liga italiana, mas ainda longe de lutar pela 'orelhuda', a verdade é que neste defeso perdeu duas das maiores referências futebolísticas da equipa que lhe permitiram nas últimas épocas disputar voos mais altos: Koulibaly e Insigne. Pelo que foi noticiado pela imprensa internacional, no início do verão, uma das situações que mais preocupava Ronaldo em relação ao United era a falta de grandes contratações.

Ontem, dia 26 de julho, o internacional português foi fotografado a chegar a Carrington, onde fica o centro de treinos do Manchester United, acompanhado de Jorge Mendes, para uma reunião sobre o seu futuro onde terá estado presente os principais nomes da administração do clube, Erik ten Hag, treinador, e Alex Ferguson, lenda do comando técnico dos Red Devils, ex-treinador de CR7 no United e a principal razão para o avançado ter voltado em 2021 a Inglaterra.

A reunião terminou com a imprensa a afirmar que Ronaldo garantiu que queria sair do clube, mas mais uma vez nada foi dito oficialmente. Nem pelo emblema, nem pelo jogador, nem por outros clubes.

A novela corre nos jornais, sem que nada de concreto seja dito, mas com o jogador ainda ausente dos treinos da equipa. Os rumores, esses, mudaram de tom, com o avançado que teria lugar em qualquer equipa a ver as portas fecharem-se, uma após uma.