Esta evocação do Dia de Memória do Holocausto, proposta pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, foi aprovada no parlamento, na mesma sessão plenária em que se aprovou, apesar da abstenção do PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal, um voto de pesar do PCP "pelas vítimas do nazi-fascismo nos 75 anos da libertação pelo Exército Soviético do campo de concentração de Auschwitz".

No voto de pesar do presidente da Assembleia da República é referido que, 75 anos depois, é "com sobressalto que pela Europa e pelo mundo fora se verifica que o registo histórico do sucedido pode não ter ficado suficientemente enraizado na memória coletiva das democracias, ao sermos confrontados com o aumento evidente de fenómenos de antissemitismo, de ódio racial, de homofobia, de recusa do outro, por ser estrangeiro ou diferente".

"Em 2020, é através do exemplo daqueles que então souberam estar à altura dos seus valores e que tudo arriscaram e perderam que nos podemos inspirar para assinalar esta missão de preservação da memória", defende.

Assim, de acordo com o voto proposto por Ferro Rodrigues, a Assembleia da República "presta a sua homenagem a todas as vítimas do Holocausto, renovando o seu compromisso de impedir o esquecimento e promover a educação das gerações mais jovens na observância dos valores fundamentais, da liberdade, da igualdade e da dignidade humana".

Aristides de Sousa Mendes, de acordo com o mesmo texto, "pode e deve continuar a servir de farol em tempos de novas dificuldades e desafios para a memória coletiva, demonstrando o valor da resistência ao injusto e desumano".

Já o voto do PCP pelas vítimas do nazi-fascismo nos 75 anos da libertação pelo Exército Soviético do campo de concentração de Auschwitz considera que, nesta data, "é justo recordar o contributo da URSS e do povo soviético - que sofreu mais de 20 milhões de mortos - para a vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial".

"75 anos depois, só pode ser motivo de preocupação e de indignação o surgimento em países na Europa de forças que reabilitam o fascismo e glorificam os colaboradores com o nazismo, ao mesmo tempo que destroem monumentos ao exército soviético e perseguem os comunistas e outros democratas", condena este texto proposto pelos comunistas.

Assim, o parlamento "recorda e homenageia as vítimas do nazi-fascismo, assim como todos quantos resistiram, lutaram e derrotaram a barbárie nazi-fascista à custa de inenarráveis sacrifícios" e "repudia o branqueamento do fascismo, a banalização da ideologia fascista e a promoção de forças de cariz fascista".