“Estou a rezar para que nunca tenhamos outro dia como o dia que tivemos faz hoje um ano. É disso que vou falar”, disse Biden.

No discurso alusivo ao 1.º aniversário do ataque ao Capitólio, em Washington, Biden fez críticas severas ao “Presidente derrotado”, que culpou pela invasão da sede do Congresso norte-americano por parte dos seus apoiantes, dizendo que Trump foi o principal responsável pela insurreição.

“Pela primeira vez na nossa história, um Presidente não apenas perdeu uma eleição, mas tentou impedir a transferência pacífica do poder quando uma multidão violenta invadiu o Capitólio”, disse Biden.

“A democracia foi atacada”, disse o Presidente norte-americano, dizendo que, apesar das ameaças, “nós, o povo, prevalecemos”.

Donald Trump tinha uma conferência de imprensa programada para hoje, mas cancelou a iniciativa, tendo anunciado que vai abordar o tema do assalto ao Capitólio num comício em 15 de janeiro.

Kamala diz que ataque reflete "fragilidade da democracia"

“O ataque violento que ocorreu aqui, o mero fato de quão perto as eleições estiveram de poder ser revertidas, reflete a fragilidade da democracia”, disse Harris no seu discurso no Capitólio, assinalando o primeiro aniversário do ataque perpetrado por apoiantes do ex-Presidente Donald Trump.

Harris pediu para que os norte-americanos se unam à volta dos valores da democracia e da liberdade e para que não permitam que o futuro da nação seja decidido por quem quer calar as vozes do povo.

A vice-Presidente acusou uma “fação radical” de estar por detrás dos recentes ataques à democracia, dizendo que as raízes desses fenómenos são “profundas e antigas”, acusando os extremistas que há um ano invadiram o Capitólio de tentarem aniquilar aqueles que tinham sido “legitimamente eleitos”.

“O que eles procuravam não era apenas degradar e destruir um edifício (…). O que eles atacavam eram as instituições, os valores, os ideais de gerações de americanos”, disse Kamala Harris, mencionando um projeto de lei sobre os direitos civis, que se encontra agora para discussão no Senado.

Na sua conta da rede social Twitter, também o ex-Presidente democrata Barack Obama alertou para os riscos que corre hoje a democracia nos Estados Unidos, ilustrados pelo ataque ao Capitólio.

“Há um ano, um violento ataque ao nosso Capitólio deixou claro o quão frágil é realmente a experiência da democracia americana”, escreveu Obama no Twitter.

“E embora as janelas partidas tenham sido consertadas e muitos dos agressores tenham sido levados à justiça, a verdade é que a nossa democracia enfrenta hoje um risco maior do que antes”, acrescentou Obama, lamentando que “uma parte relevante dos eleitores e dos políticos eleitos” continue a acreditar nas denúncias de fraude eleitoral, repetidas por Donald Trump.

Obama disse ainda que os Estados Unidos não podem cumprir o seu papel tradicional de defensor da democracia global quando “figuras proeminentes num dos nossos dois principais partidos políticos estão a minar ativamente a democracia”, referindo-se à posição do Partido Republicano.

Uma recente sondagem do Centro de Investigação de Assuntos Públicos da Associated Press-NORC revela que três em cada 10 republicanos dizem que o ataque ao Capitólio foi um episódio não violento e que também cerca de três em cada 10 dizem que foi algo violento.

De acordo com a sondagem, cerca de dois terços dos norte-americanos descreveram o dia da invasão ao Capitólio como muito ou extremamente violento, incluindo cerca de nove em cada 10 democratas.

A 6 de janeiro do ano passado, cerca de 10.000 pessoas — a maioria das quais apoiantes de Trump — marcharam em direção ao Capitólio e 800 delas irromperam pelo edifício adentro para impedir que fosse ratificada a vitória do atual Presidente norte-americano, o democrata Joe Biden, sobre o candidato republicano, o Presidente cessante Trump, nas eleições de novembro de 2020.

Trump, que se recusou a aceitar a derrota eleitoral contra Biden, fez um comício perante os seus seguidores mesmo antes do ataque, no qual instigou a multidão a dirigir-se para o Capitólio e “lutar” para impedir que o resultado eleitoral fosse certificado.

Um ano depois, a trágica jornada, que se saldou em cinco mortos e 140 agentes policiais feridos, continua a marcar grande parte da agenda política dos Estados Unidos.

Para sublinhar a importância de se assinalar a data, o Capitólio acolhe hoje diversos eventos de “reflexão e memória” do sucedido, que incluem discursos de Biden e da vice-presidente norte-americana, Kamala Harris.

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