O projeto-lei para recuperar o SNS é baseado em “princípios tão simples” como vincular os trabalhadores precários, “porque não é contratando ao mês que a saúde pública se consegue organizar”, afirmou Catarina Martins, no discurso na cerimónia de apresentação das candidaturas de Fabian Figueiredo à Câmara Municipal de Loures e de Rita Sarrico, à Assembleia Municipal.

A líder bloquista defendeu é preciso garantir o subsídio de risco a todos os trabalhadores do SNS que vão para “o segundo verão em que se lhes diz que não podem ter férias”.

Os profissionais “estão exaustos, têm feito tudo e precisam muito mais do que palmas, precisam de condições de trabalho”, defendeu, reiterando que é preciso avançar com “a exclusividade” destes profissionais, remunerando o esforço que já estava prometido e acordado com o BE desde 2019 e que agora o Governo diz que só fará em 2023, o que considerou uma “irresponsabilidade pura”.

“O SNS fica sem os seus profissionais porque não lhes dá condições de trabalho e não teremos forma nenhuma de responder à pandemia, nem a nenhuma necessidade de saúde covid ou não covid, se o SNS não tiver os seus profissionais, os seus trabalhadores, que fazem milagres todos os dias”, alertou.

No seu entender, o que está em causa, não é se concordam ou não que há “uma quarta vaga” de pandemia, o que é preciso são “medidas para controlar os contágios para proteger vidas e para segurar o SNS”.

“O que está em causa é se nós continuamos a achar que proibições resolvem ou se vamos apostar mesmo na saúde pública, no SNS, e ter condições para controlar esta pandemia”, vincou.

Para Catarina Martins, o Governo insiste em “dois erros fundamentais” no que se refere à pandemia.

“O primeiro erro é que acha sempre [que a pandemia] é só mais uns dias e já passou e, portanto, nunca prepara nada e estamos sempre a ficar muito surpreendidos com cada vaga pandémica que aparece, porque o Governo na sua ânsia de poupar, acha sempre que só tem que preparar um mês, dois meses, e a pandemia não é uma questão de um mês, dois meses, exige um esforço público claro de investimento desde logo na saúde, prolongado”, defendeu.

“Vamos para o segundo verão com pandemia, o segundo verão em que o Governo faz de conta que para o mês que vem já está tudo bem e vêm aí os turistas. Isso não é verdade”, criticou.

Achar que a gestão de pandemia se faz com medidas de muito curto prazo “é um erro que o Governo insiste em repetir e que custa muito caro ao país”.

“Cada poupança que o Governo julga que faz, porque não investe na resposta à crise pandémica, uma resposta estruturada ao longo do tempo, custa tão caro, tão caro ao país com mais uma vaga pandémica, com mais vidas que sofrem, com mais economia destruída”, lamentou.

O segundo “grande erro” apontado por Catarina Martins é o facto de “o Governo olhar para a atual vaga pandémica como se ela fosse igual à do verão passado: “Não é igual porque estamos num processo de vacinação, que protege mais as pessoas, não acaba com o vírus, não nos retira a necessidade de todos os cuidados, mas seguramente tem um impacto diferente e estamos com variantes mais contagiosas que exigem também outra abordagem na forma como comunicamos uns como os outros”.

Para a líder do BE, não vale apelar à responsabilidade individual e depois não assumir a responsabilidade de políticas públicas consequentes da resposta à pandemia.

“Sim temos que ter cuidado, temos que evitar ajuntamentos e usar o ar livre como estamos aqui a fazer hoje e é isso que se pede a todos, mas não são proibições incompreensíveis que vão parar a pandemia”.