"O Macron sempre foi contra a gente, e ele sempre bateu na gente na questão da Amazónia (...) Parece uma provocação, sim", afirmou Bolsonaro durante entrevista à Rádio Sociedade, da Bahia.

Macron e Lula "se entendem, falam a mesma linguagem", completou Bolsonaro.

Como parte de uma viagem pela Europa, Lula foi recebido na semana passada no Palácio do Eliseu para pequeno-almoço e uma reunião com Macron "sobre os últimos desenvolvimentos do cenário internacional".

Lula "compartilhou a sua visão do papel do Brasil no mundo, constatando que nos últimos três anos o país se foi retirando do marco multilateral e dos grandes acordos internacionais", informou o Eliseu em comunicado.

O líder petista aparece atualmente como o favorito nas sondagens para as eleições presidenciais de 2022, embora só deva anunciar oficialmente a sua candidatura no próximo ano.

Em 2019, Bolsonaro protagonizou fortes desentendimentos com Macron pelas redes sociais, depois do presidente francês ter criticado duramente o governo brasileiro pelo aumento das queimadas na Amazónia.

Em janeiro deste ano, Bolsonaro pediu a Macron que parasse de "falar besteira" sobre o impacto da produção de soja no desmatamento.

"Pelo amor de Deus, Sr. Macron, não compre soja brasileira, porque você não desmata a Amazónia. Compre soja na França", afirmou ironicamente o presidente do Brasil.

Macron é um dos principais opositores da aprovação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, principalmente em função do desmatamento da Amazónia.

No terceiro ano de mandato de Bolsonaro, o desmatamento alcançou níveis recordes desde 2006, colocando em dúvida a promessa do Brasil feita na última reunião da COP26 sobre o clima de reverter esta tendência e acabar com o desmatamento ilegal até 2028.

Desde que assumiu a presidência em 2019, Bolsonaro tem sido criticado por enfraquecer os órgãos de fiscalização ambiental e favorecer as atividades agrícolas e de mineração em áreas protegidas.