Bolsonaro participou hoje num evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e defendeu a administração que iniciou em Janeiro de 2019, a qual, assegurou, teria sido “diferente” se não fosse a pandemia e a invasão russa da Ucrânia.

A estes dois fatores atribuiu a elevada inflação, de 12% ao ano, e o fraco desempenho da economia brasileira, que caiu 3,9% em 2020 devido à crise sanitária e avançou 4,6% em 2021, enquanto se espera que o crescimento este ano seja de cerca de 1%.

Bolsonaro insistiu que a “política de ficar em casa e fechar tudo” durante a pior fase da pandemia agravou a situação económica e reiterou a sua queixa contra os governadores que promoveram esta paralisia de atividades para conter o avanço da covid-19.

“Sempre disse que tínhamos de cuidar da saúde, mas também da economia, e há as consequências”, disse, sem se referir aos quase 670.000 brasileiros que morreram devido À covid-19.

Sustentou também que o país, apesar destas dificuldades, “vai de força em força” e assegurou que “todos querem fazer negócios” com o Brasil, sobretudo porque é uma “garantia” de “segurança alimentar mundial” devido ao seu estatuto de potência agrícola.

Questionado sobre a falta de uma política industrial no seu Governo, que em 2019 eliminou o então Ministério da Indústria e reduziu-o a um secretariado, Bolsonaro prometeu aos empresários que iria recriar esse gabinete no caso de ser reeleito em Outubro.

“A política industrial virá de si”, que também poderá “escolher o ministro”, declarou, embora sem esclarecer porque é que o ministério foi eliminado na altura.

Para além das questões próprias do setor, Bolsonaro voltou-se para questões claramente ideológicas e avisou os empresários sobre uma possível vitória nas eleições de Lula da Silva, que segundo as sondagens está 15 pontos percentuais à sua frente e ganharia as eleições com quase 50% dos votos.

“A América do Sul está a tornar-se uma região vermelha. Veja o que está a acontecer na Venezuela, na nossa amada Argentina, no Chile, que costumava ser um país confortável. A Colômbia agora também, e o Brasil sob a ameaça de ir para algo que não funcionava em qualquer parte do mundo”, disse.