"Não um plano de emergência porque não existe aqui uma influência marcante do Reino Unido nos Açores, mas é bom sempre precaver e ter uma compreensão clara de todas as interligações que existem na economia”, declarou o também empresário.

Mário Fortuna falava aos jornalistas à margem da iniciativa "Oportunidades e Desafios para as PMEs", realizada em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, organizada pela AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, com a colaboração da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores, da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, e da Direção Geral da Atividades Económicas do Ministério da Economia.

Para o dirigente empresarial, o Governo dos Açores pode influenciar o Governo da República relativamente ao que o país deve fazer para minimizar impactos, e é neste sentido que "deve atuar”, exigindo-se neste momento informação sobre a matéria.

O professor universitário explicou que a economia dos Açores pode vir a sofrer com o ‘Brexit’ não por via direta, mas indireta, resultante da sua integração no contexto nacional.

Mário Fortuna considerou que “as consequências diretas não são muito evidentes” porque, de fato, não “há grandes relações diretas com o Reino Unido”, mas existem “muitas ligações diretas com o nosso país” que podem influenciar, uma vez que a economia açoriana está “altamente integrada na nacional”, que possui “muitas relações económicas” com o Reino Unido.

Para os empresários, é importante apurar quais os impactos do ‘Brexit’ no país, porque “o que se se passa a nível nacional claramente influencia o que se passa nos Açores”.

O economista refere que mais do que preparadas para o impacto da saída do Reino Unido da União Europeia, as empresas regionais, que se vão adaptar, na sua opinião, querem “perceber de onde podem vir riscos potenciais, para reagirem”.

O professor universitário, que afirma estar apreensivo, considera que uma forma de mitigar o ‘Brexit’ pode ser a abertura a novos mercados.

Também em declarações aos jornalistas, o secretário regional adjunto da Presidência para as Relações Externas, Rui Bettencourt, disse que em função dos acordos comerciais que venham a ser estabelecidos entre o Reino Unido e a União Europeia, “as dificuldades que possam ter muitos exportadores de bens alimentares, de queijo e manteiga, para a Grã Bretanha, pode fazer com se abram oportunidades de negócio para os produtores açorianos”, que exportam para países terceiros como os Estados Unidos e Canadá.

Segundo um estudo CIP, promovido por especialistas da Ernst & Young – Augusto Mateus & Associados, no cenário mais otimista, o 'Brexit' terá um efeito negativo de 15% nas exportações portuguesas para o Reino Unido.

As perdas potenciais poderão, no entanto, chegar aos 26%, num cenário mais negativo, em que não exista qualquer acordo entre o Reino Unido e a União Europeia, estimando-se um impacto negativo entre 0,5% e 1% no PIB nacional.