No âmbito do Dia Internacional de Pessoa com Deficiência, que se assinala na sexta-feira, o passeio juntou três vereadores da Câmara de Lisboa, designadamente dos Direitos Humanos e Sociais, Laurinda Alves, do Urbanismo, Joana Almeida, e do Planeamento de Mobilidade, Ângelo Pereira, e membros de três associações que trabalham com pessoas com deficiência: Associação Salvador, Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) e Fundação LIGA.

Ainda junto à praça dos Restauradores - poucos tinham sido os metros já percorridos -, a cadeira de rodas elétrica de Susana Pinto começa a “perder peças”. A culpa é dos “buracos da calçada”, acusou a proprietária deste veículo essencial para a mobilidade de uma pessoa com deficiência motora.

Susana Pinto, que é funcionária da Câmara de Lisboa no departamento dos Direitos Sociais, encarou o “acidente de percurso” com um sorriso, mas valeu-lhe a ajuda da comitiva para poder seguir viagem.

Ao longo do passeio, os vereadores do executivo municipal de Lisboa quiseram ter “consciência real” das barreiras de acessibilidade que as pessoas com deficiência enfrentam diariamente, desde a falta de rampas nos passeios à ausência de som nos semáforos das passadeiras.

Em declarações à agência Lusa, a vereadora dos Direitos Humanos e Sociais, Laurinda Alves, assumiu que “Lisboa é uma cidade de obstáculos”, em que as pessoas com deficiência têm “ainda mais dificuldades” de mobilidade.

“Estas pessoas, com quem nós hoje caminhamos ao lado e com elas e por elas, têm uma prova de endurance, de resiliência diária, 24 horas sobre 24, estão sempre a viver em provas de obstáculos, e isto não pode ser”, afirmou Laurinda Alves, vereadora independente eleita pela coligação “Novos Tempos” PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, assegurando que a melhoraria da acessibilidade em Lisboa é uma prioridade do atual executivo, presidido pelo social-democrata Carlos Moedas.

A autarca com o pelouro dos Direitos Humanos e Sociais reforçou que a topografia da cidade de Lisboa “não é facilitadora” para a eliminação de obstáculos à acessibilidade de pessoas com deficiência, mas existem algumas barreiras que são possíveis de derrubar ou minimizar, tais como os ‘mupis’ [mobiliário urbano para informação] e as trotinetes no passeio, o som dos semáforos e as rampas.

Neste âmbito, o executivo criou um grupo de trabalho, que junta os três pelouros - Direitos Humanos e Sociais, Urbanismo e Planeamento de Mobilidade -, para recolher informação junto de todas as áreas de deficiência, considerando que as necessidades são diferentes, por exemplo, por uma rampa para facilitar o acesso às pessoas de cadeira de rodas pode ser mais um obstáculo às pessoas invisuais.

Outra das ideias do executivo é “criar duas freguesias modelo, uma mais plana e uma mais inclinada”, em termos de adaptação, de mobilidade e de acessibilidade, processo que ainda está em fase de decisão relativamente à escolha das freguesias, mas o objetivo é “conseguir provar que é possível” resolver os problemas nesta área e “criar um sistema também viral, que é inspirador e aspiracional”, que incentive as outras freguesias a intervir.

Já a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida, realçou a coordenação com os pelouros da Mobilidade e dos Direitos Humanos e Sociais, no sentido de “garantir que as coisas são feitas da forma exatamente adequada para garantir que esta mobilidade funciona bem”.

“A ideia é identificarmos pontos fundamentais onde não está a correr nada bem, para uma intervenção prioritária, mas para funcionar bem temos que estar muito articulados e, ao nível da vereação, é essa a nossa vontade, este trabalho de equipa, e é isso que pretendemos pôr em prática para que as coisas aconteçam”, afirmou Joana Almeida.

Questionada sobre o futuro da ciclovia da Almirante Reis, a vereadora do Urbanismo, independente eleita pela coligação “Novos Tempos” PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, reiterou que o executivo ainda está a estudar alternativas, assegurando que o processo de decisão vai contar com a participação dos cidadãos.

“Não vamos executar nada sem essa participação”, reforçou.

Segundo o vereador do Planeamento de Mobilidade, Ângelo Pereira (PSD), “a área do urbanismo da câmara, através do departamento de espaço público, e a direção municipal de mobilidade e a EMEL estão a estudar soluções e essas soluções, obviamente, que irão ser disponibilizadas à discussão pública, para ter o ‘feedback’ das forças vivas do concelho, principalmente residentes na zona da Almirante Reis”.

“Em breve iremos apresentar o que pretendemos fazer na Almirante Reis”, indicou Ângelo Pereira, precisando que essa apresentação acontecerá “até ao final do ano” e pode incluir uma proposta ou várias, para seguir para discussão pública.