Quem esteve em debate:

  • Fernando Medina (PS)
  • Manuela Gonzaga (PAN)
  • Bruno Horta Soares (Iniciativa Liberal)
  • Carlos Moedas (coligação Novos Tempos, que junta PSD, CDS-PP, PPM, MPT e Aliança)
  • João Ferreira (CDU)
  • Beatriz Gomes Dias (BE)
  • Nuno Graciano (Chega)

As frases do debate:

  • Fernando Medina sobre o caso da entrega de dados pessoas de ativistas a Moscovo: isto "nunca devia ter acontecido" e é de "lamentar profundamente", mas a câmara "tomou todas as medidas que tinha de tomar" e é de referir que "em todas as organizações há problemas".
  • Carlos Moedas ainda sobre caso de ativistas russos: "Em qualquer país da Europa o presidente ter-se-ia demitido". Para o candidato do PSD, "os políticos têm de assumir erros políticos e Fernando Medina não assumiu um erro político". E se fosse com ele? "Demitia-se, obviamente".
  • Sem ilusões, João Ferreira nem sequer coloca a hipótese de uma vitória da CDU em Lisboa: "Nós queremos ter um papel mais direto na gestão da cidade" e "a cidade ganharia se a CDU tivesse uma presença reforçada".
  • Medina vs João Ferreira sobre as conquistas que a CDU advoga como suas na cidade de Lisboa, em particular no que respeita o programa de renda acessível. João Ferreira disse que "se Lisboa tem hoje um programa de rendas acessíveis é graças aos vereadores da CDU". A resposta de Medina foi: "parece-me uma apropriação excessiva de João Ferreira".
  • Beatriz Gomes: "Tem de haver casas que as pessoas consigam pagar", o que para o Bloco de Esquerda passa por "uma política de habitação 100% pública". Se Medina fez questão de referir que "não tem preconceitos ideológicos quanto ao privado" e Moedas vê com bons olhos ter os privados a contribuir para resolver o problema da habitação na capital, Manuela Gonzaga salientou que "os preconceitos nunca são bons, sejam de que natureza forem". Já Bruno Horta Soares defendeu que "haver políticas públicas de habitação é diferente de haver políticas de habitação pública". E para si, a resposta está na primeira abordagem.
  • Mas o candidato da IL não escapou à crítica, nomeadamente por não apoiar a coligação de direita encabeçada por Moedas: "O IL colocou o partido à frente de Lisboa. O IL escolheu estar do lado de Fernando Medina", disse o candidato do Novos Tempos.
  • Nuno Graciano apresentou-se como "o candidato que vem à procura de respostas enquanto cidadão comum" (não devia ser o candidato a dar respostas?) e acusou os colegas de debate de serem "carreiristas políticos". Manuela Gonzaga respondeu da seguinte forma: "não aceito o termo carreirista. Entrar na política é algo muito digno".
  • Nuno Graciano fez ainda questão de traçar uma linha entre si e partido que representa logo ao primeiro debate: "Ser do Chega não significa que eu perca a minha identidade".
  • Questionado por Nuno Graciano sobre alegados problemas de corrupção na câmara de Lisboa, Medina fugiu à resposta: "não quero dar palco ao Chega,  que é contra a mesquita, contra a tolerância, e não merece mais nenhum comentário do que isso". Mas a fuga para a frente não abonou ao incumbente, que pareceu apenas não ter resposta. Moedas deu a última machadada: "talvez não seja a forma certa de abordar o tema, mas é preciso mais transparência no urbanismo em Lisboa".
  • "Os lisboetas amam as suas árvores" e "o Martim Moniz está tenebroso de feio". A frase é de Manuela Gonzaga, que defendeu uma cidade "gerida como um todo" e capaz de dar resposta à crise climática.

Os grandes temas: 

  • Medina debaixo de fogo cruzado e a "isenção" para ricos

"Fernando Medina prometeu uma quantidade de imóveis que não entregou". O resumo é de Nuno Graciano, numa altura em que o debate se centrou nas questões da habitação acessível na capital e em que o atual presidente da câmara foi criticado por todos os outros candidatos por ter ficado muito aquém das seis mil casas prometidas. Medina respondeu que foram entregues 1200 e nomeou obstáculos, uns colocados pelo Tribunal de Contas, outros pela pandemia. "A única crítica que me fazem é que o ritmo não foi suficientemente rápido, mas este programa funciona", defendeu. Agora promete oito mil casas, um objetivo alcançável, mas que porventura poderá não estar cumprido até ao final do próximo mandato, assume. Qual é então o seu compromisso? De trabalhar para esse objetivo.

Feitas as contas, entre casas prometidas e entregues, para Moedas é simples: "o programa de renda acessível falhou, o urbanismo está estagnado" e "há bairros municipais que são vergonhosos", onde há pessoas "a viver de forma inumana". Assim, defende mudanças na gestão da Gebalis e uma resposta capaz de gerar habitação acessível que conte com o público e o privado.

A sua proposta de isenção de IMT para jovens que queiram comprar casa na capital foi, todavia, alvo de crítica: "O Carlos Moedas não conhece a realidade de Lisboa (...) retirar o pagamento do IMT pressupõe que a pessoa tem capacidade para comprar a casa. A isenção é um desconto para pessoas com maiores rendimentos", sentenciou João Ferreira.

E Medina faz contas de cabeça: "o problema não são os cinco mil euros de IMT que os jovens têm de pagar por uma casa de 200 mil euros, mas os 20 ou 40 mil de entrada que têm de dar ao banco".

Voltando ao candidato da CDU, a resposta para a habitação passa por um reforço da habitação pública e cooperativa em Lisboa. Já Beatriz Gomes não cede: "o que precisamos é mesmo que a resposta [ao problema de habitação acessível em Lisboa] seja 100% pública", até porque desta forma, defende, "a Câmara Municipal tem capacidade de influenciar o mercado".

Nuno Graciano — que, fiel ao enunciado, fez mais perguntas ao longo do debate do que apresentou respostas — perguntou a Medina como é que é capaz de viver com promessas que não cumpre e disse que no Chega, "preferimos não ter números",  é ir "aferindo" e atuar em consonância.

  • Montijo, Portela ou até Beja, o que interessa é ter turistas

Precisamos de um novo aeroporto para servir a capital. Este é o ponto de encontro entre todos os candidatos à câmara de Lisboa, mas divergem nas soluções.

Para Medina uma coisa é certa: Portela não pode ser o principal aeroporto do país. Montijo ou Alcochete devem assumir esse "fardo" e deixar a Portela como hub secundário, diminuindo a pressão de movimentos aéreos no centro da capital. O principal requisito, na sua ótica, são "acessos rápidos a cidade de Lisboa". Alcochete até se pode configurar como a melhor opção, mas "será mais caro" e portanto é de esperar os estudos e avaliar.

Para Moedas, a solução é também "Portela +1", sendo que o Montijo tem "várias limitações" e não se configura, por isso, como uma solução a longo prazo. Alcochete "seria uma melhor decisão", mas é preciso esperar e ver o que será definido pelos técnicos.

Tanto para o candidato da CDU como para Beatriz Gomes e Nuno Graciano o aeroporto tem de sair da capital. João Ferreira assume que a transição será progressiva e a candidata do BE salienta que "o que é fundamental é colocar a saúde e a segurança das pessoas em primeiro lugar", defendeu a candidata do BE. Nuno Graciano defende que a escolha entre Montijo ou Alcochete está dependente do parecer técnico, mas para João Ferreira não há dúvidas e a solução passa mesmo pelo segundo.

Em contra-corrente esteve Manuela Gonzaga: "Nem Montijo, nem Alcochete. Temos um aeroporto feito e perfeito com todas as condições em Beja, não é tão longe assim".

Para Bruno Horta Soares, o "importante é ter soluções com segurança" que não alienem os visitantes, já que Lisboa é uma "cidade que depende tanto do turismo". E no que ao ambiente diz respeito, "se calhar os aviões daqui a 15 anos são elétricos".

Outras ideias

  • Manuela Gonzaga quer acabar com as touradas em Lisboa e promover as assembleias de cidadãos;
  • Nuno Graciano quer acabar com as "ciclovazias";
  • Bruno Horta Soares quer "reduzir o fluxo de impostos para a câmara" e propôs a criação de "ubers de autocarros" para liberalizar o transporte público da capital.

As gafes

  • Manuela Gonzaga disse que Lisboa perdeu 100 mil pessoas nos últimos anos, mas corrigiu, foram 10 mil.
  • Bruno Horta Soares fez um apelo ao voto com a frase "tivemos um ano meio de merda" e por isso é que esta eleição é fundamental para mudar o estado das coisas.

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