A ex-mulher Mary Lucier partilhou no Facebook uma fotografia do compositor dando conta da morte e escrevendo: “Alvin Lucier morreu. Longa vida a Alvin Lucier”. Ao New York Times, a filha Amanda Lucier referiu a queda.

Lucier nasceu no estado de New Hampshire, nos Estados Unidos, em 1931, estudou nas universidades de Yale e de Brandeis, nos Estados Unidos, dando aulas na universidade de Wesleyan entre 1968 e 2011, quando se reformou.

Considerado um pioneiro da composição musical, a sua viragem para fora do campo da música clássica deu-se quando contactou com o trabalho de figuras marcantes da área como Arnold Schoenberg, John Cage e Merce Cunningham.

“O meu pai era um violinista amador e a minha mãe tocava piano. Havia muita música popular na nossa casa. O meu pai gostava de música séria, mas tenho de dizer que era mais Gershwin e coisas do género. Havia uma loja de música na minha terra. Fui lá uma vez e tinham um disco da ‘Serenade’, de Schoenberg. Comprei-o e foi chocante. Não fazia sentido nenhum, mas havia lá algo que manteve o meu interesse. Nessa altura, decidi que estava interessado em coisas desafiantes”, afirmou, numa entrevista em 2005.

Na mesma conversa, publicada pela NewMusicBox, Lucier lembrou que teve o privilégio de receber uma bolsa Fulbright para viajar até à Europa, em 1960, onde ouviu a primeira interpretação do “Canto Sospeso”, de Luigi Nono: “Apercebi-me de que esta era a música deles e eles eram bons a fazê-la. Estava nas suas almas. Estruturalismo, serialismo, eu era incompetente nessa área. Podia imitá-la, mas seria apenas isso, uma imitação”.

Nessa viagem, deu-se outro momento marcante na carreira do compositor, quando assistiu, em Veneza, a uma atuação do pianista David Tudor com John Cage e Merce Cunningham. “Isso estatelou-me por completo. Depois, decidi fazer algo completamente diferente”.

Questionado sobre a diferença entre o experimentalismo europeu e o norte-americano, Lucier remeteu para Cage e a diferença entre algo experimental, mas controlado, por oposição a algo livre.

“Duas coisas acontecem em simultâneo e algo realmente especial ocorre que não é possível se o planeares. Não consegues alcançar isso se estiveres a reagir a alguém”, afirmou.

A sua obra mais conhecida, intitulada “I Am Sitting in a Room”, foi comprada pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

Um texto publicado pela Documenta referia-se a Lucier como alguém que “aprofundou o campo da música experimental, muitas vezes através de performances viradas para a investigação e dedicadas ao ato da escuta, enquanto estendia a composição de nova música através das suas estratégias únicas”.