“O processo normal de degradação ambiental resulta numa maior radicalização”, afirmou à agência Lusa o dirigente da organização Climáximo, no final da sessão, acrescentando que é normal existirem diferenças no tipo de reivindicações.

Durante o debate, o académico sueco, Andreas Malm, referiu como o movimento Fridays for Future, iniciado por Greta Thunberg, começou em 2019 a invocar termos como racismo e colonialismo como causas das alterações climáticas.

Porém, notou, “ainda não adotou uma posição sobre anticapitalismo” como outros, como o britânico Green New Deal Rising ou Sunrise Movement.

Mesmo entre participantes do painel, surgiram diferenças de opinião: Malm defendeu a nacionalização das empresas de combustíveis fósseis, a mexicana Maria Reyes disse que esse modelo não está a funcionar no seu país.

O académico sueco também referiu como na Alemanha, sindicatos e movimentos ambientalistas socialistas discordam na campanha contra o carvão como fonte de energia porque o fim da indústria põe postos de trabalhos em risco.

Camargo reconheceu que o movimento ambientalista “não é homogéneo, tem disputas” e defendeu o ecossocialismo e uma revolução na tradição da ideologia socialista.

“A revolução não é um fetiche, precisamos de uma revolução para mudar a relação de forças” e chegar ao poder, defendeu o português.

João Camargo é um dos organizadores da quinta edição dos Encontros Ecossocialistas Internacionais em Lisboa, de 21 a 23 de janeiro, onde vão estar participantes de países como Espanha, Franca, Nigéria, Uganda, Índia ou Turquia.

Durante a COP26, associou-se a uma plataforma de outros grupos ambientalistas chamada Glasgow Agreement, que hoje denunciou que 184 poços de petróleo e gás que foram abertos e concluídos em 2021, e que mais de 800 vão ser abertos até ao final de 2022.

"Cada um destes poços representa não só o Ecocídio, mas um projeto suicida para a Humanidade”, acusa a plataforma.