Para a presidente da Associação de Farmácias de Portugal (AFP), Manuela Pacheco, o facto de apenas 15% das cerca 3.000 farmácias do país terem aderido, desde 1 de julho, à realização de testes rápidos de antigénio à covid-19 comparticipados pelo Estado, é um número “muito baixo” que pode ser aumentado se houver colaboração entre as várias entidades envolvidas no processo.

Há farmácias que gostavam de aderir, mas não têm espaço físico para a realização dos testes aos utentes, disse Manuela Pacheco no dia em que as autoridades de saúde atualizaram a lista de farmácias de oficina (461) e laboratórios de análises clínicas (106) que aderiram à disponibilização de testes rápidos de antigénio (TRAg) comparticipados pelo Estado.

“Temos algumas farmácias que pretendiam usufruir da bolsa dos voluntários” disponibilizada pela Ordem dos Farmacêuticos para colaborar neste serviço, mas precisavam de uma sala ou de um local onde pudessem executar os testes, adiantou.

Segundo a responsável, algumas farmácias alvitraram que se as câmaras municipais ou as juntas de freguesia disponibilizassem ou autorizassem a utilização de um espaço público perto da farmácia, como algumas estão a fazer em Lisboa, era mais fácil integrar o projeto.

“Sei que pelo menos duas farmácias estão a fazer os testes de antigénio em frente à farmácia em espaços que a Câmara de Lisboa cedeu sem pagamento da utilização de via pública, sem nada”, apontou.

A presidente da associação observou ainda que há concelhos que não têm nenhuma farmácia a realizar os testes comparticipados, “o que causa algum desconforto e alguma revolta por parte dos utentes que querem fazer um teste a custo zero e não têm onde o fazer”.

“Eu ponho-me do lado dos nossos governantes que veem que não há resposta do lado das farmácias e ficam desagradados, mas eles também têm de se pôr do lado das farmácias e ver que nós somos entidades privadas e que nem sempre temos condições para poder responder e dar na íntegra aquilo que nos é pedido que é condições e segurança”, além de dar resultados fidedignos.

“Daí a utilização dos testes mais caros muitas vezes em detrimento dos que são um bocadinho mais baratos, porque não nos oferecem tanta segurança”, sustentou Manuela Pacheco.

Portanto, vincou, existe “uma série de condicionantes que concorrem para a não integração das farmácias neste serviço”, como o facto de as pessoas terem de assinar um compromisso de honra em como não foram vacinadas nem estiveram infetadas há menos de seis meses, que têm mais de 12 anos e que não realizaram mais de quatro testes autorizados para comparticipação pelo SNS.

“Isto continua a ser usado, mas não é uma coisa muito clara e daí muitas farmácias, para não incorrerem involuntariamente num incumprimento, decidiram não fazer”, sublinhou.

No seu entender, tem de haver uma colaboração e “não serem só uns a ceder e, mais uma vez, as farmácias ficarem prejudicadas”, porque o valor da comparticipação do teste (10 euros) fica muito aquém daquilo que efetivamente nos custa”.

Para Manuela Pacheco, todos estes fatores deviam ter sido em conta para perceber porque tantas farmácias não estão a integrar este projeto.

O Governo decidiu prolongar até 31 de agosto o regime excecional e temporário de comparticipação pelo Estado de Testes Rápidos de Antigénio (TRAg) de uso profissional, "sem prejuízo da sua eventual prorrogação".

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