“Ao analisar possíveis abordagens de vacinação contra a Ómicron e outras variantes de vírus, os participantes na reunião concordaram que a administração de doses múltiplas de reforço em intervalos curtos não é uma abordagem sustentável a longo prazo”, informa a EMA em comunicado, após um encontro da Coligação Internacional de Autoridades Reguladoras de Medicamentos (ICMRA).

Recorde-se que países como Israel estão já a administrar a quarta dose da vacina contra a covid-19 a pessoas vulneráveis, desde 31 de dezembro passado, na expectativa de mitigar os efeitos de uma nova onda de contágios devido à propagação da variante Ómicron.

Também a Europa avançou, em dezembro passado, com um processo para assegurar uma eventual 4.ª dose contra a Covid.  Na mesma altura, em Bruxelas, o primeiro-ministro, António Costa, revelou que Portugal já apresentou um pedido de compra conjunta de uma nova vacina covid-19 adaptada à variante Ómicron, para o caso de ser necessária uma quarta dose.

Entretanto, em janeiro deste ano, a EMA reforçou que só admite quarta dose da vacina para imunodeprimidos e pessoas vulneráveis, rejeitando a “vacinação repetida” com doses de reforço contra a covid-19 num curto prazo.

Agora, no encontro promovido pela EMA e pela agência federal do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, os reguladores internacionais vincaram haver “necessidade de desenvolver uma estratégia a longo prazo sobre os tipos de vacinas necessárias para gerir a covid-19 no futuro”.

“Esta é uma discussão global em curso, que […] exigirá coordenação entre os decisores em matéria de saúde pública a todos os níveis”, refere a agência europeia.

A posição surge numa altura de elevado ressurgimento de casos de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2, que ainda assim não se traduz para já em elevadas taxas de internamento ou de morte.

A contribuir para o elevado número de casos, que batem máximos, está a elevada transmissibilidade da variante Ómicron do SARS-CoV-2.

Por esta altura, decorre também, em muitos países, a administração de doses de reforço do ciclo primário de vacinação contra a covid-19 à população adulta, considerando os reguladores internacionais que “está a tornar-se cada vez mais claro que é necessária uma dose de reforço para alargar a proteção da vacina” contra a Ómicron.

“Os participantes concluíram que as vacinas atuais oferecem menos proteção contra infeções e doenças leves causadas por esta variante, porém, a vacinação continua a oferecer uma proteção considerável contra a hospitalização e covid-19 severa com a Ómicron, especialmente após uma dose de reforço”, defendem.

No que toca à atualização das vacinas contra a covid-19, a coligação ICMRA encoraja “a comunidade científica internacional e os responsáveis pelo desenvolvimento de vacinas a analisarem abordagens alternativas às vacinas monovalentes [que imunizam contra um único antigénio ou micro-organismo]”.

“Na opinião dos reguladores, as empresas devem também explorar a viabilidade de desenvolver vacinas bivalentes ou multivalentes [que imunizam contra mais do que um único antigénio ou micro-organismo] para determinar se oferecem vantagens às vacinas monovalentes”, adiantam na nota de imprensa, pedindo estudos clínicos “para apoiar a utilização de uma nova vacina”.

A reunião em causa, realizada em 12 de janeiro e hoje divulgada, reuniu delegados representando 24 membros e 13 membros associados, bem como a Organização Mundial de Saúde.

A covid-19 provocou 5.553.124 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.447 pessoas e foram contabilizados 2.059.595 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

Uma nova variante, a Ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral e, desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta em novembro, tornou-se dominante em vários países, incluindo em Portugal.

* Notícia atualizada às 12:36