“Cumpre esclarecer que, não obstante o direito que lhe merece este sindicato e as demais organizações representativas dos trabalhadores, o Conselho de Administração considera que não assiste qualquer razão para a referida greve, entendendo que a mesma é desproporcional, injusta e inoportuna”, notou, em comunicado, a CP — Comboios de Portugal.

A greve que os trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP iniciam domingo pode causar já hoje ao final do dia perturbações na circulação de comboios, que a empresa admite que sejam “fortes” durante os três dias do protesto.

A CP garantiu que, nos últimos dois anos, tem feito um “esforço enorme” para revitalizar o setor ferroviário, através da oferta de novos serviços e da recuperação do material circulante, lembrando ainda que a pandemia de covid-19 gerou quebras na receita superiores a 90%.

“Mesmo assim, e ao contrário do que aconteceu noutras empresas do setor dos transportes, a CP não dispensou um único trabalhador, não recorreu ao ‘lay-off’, nem deixou de cumprir as suas obrigações”, vincou.

No documento, a empresa enalteceu também o “esforço e mérito” dos trabalhadores, que permitiu garantir o transporte dos passageiros.

“Por isso, se os passageiros terão dificuldade em compreender esta greve, estamos certos de que muitos trabalhadores da empresa terão ainda mais dificuldade em a entender, sabendo que a CP tem mantido diálogo, aberto e permanente, não só com este sindicato, como também com as demais ORT”, referiu.

Neste sentido, o Conselho de Administração da CP apelou ao “profissionalismo” dos trabalhadores e das ORT [organizações representativas dos trabalhadores] para que seja possível manter o diálogo “num ambiente de paz social”.

A CP já tinha alertado para que no domingo, segunda e terça-feira — os três dias da greve convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) — “podem ocorrer fortes perturbações na circulação de comboios, a nível nacional”.

Adicionalmente, adverte ser “expectável que se verifiquem perturbações” nos dias anterior e seguinte ao protesto, designadamente “no final do dia 05 de junho [hoje] e nas primeiras horas da manhã de dia 09 de junho [quarta-feira]”.

Em comunicado, o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) aponta a greve nacional como a “última forma de luta” face à “recusa de diálogo e a inoperância, há vários meses, na resolução dos problemas dos trabalhadores por parte do Conselho de Administração da CP”.

Os trabalhadores protestam contra a proposta de regulamento de carreiras apresentada pela CP, que dizem prever “um aumento da polivalência de funções” e a “junção e extinção de categorias profissionais”, considerando que tal “vai pôr em causa postos de trabalho presentes e futuros”.

Reclamam ainda a “melhoria do salário base, que atualmente está no limiar do salário mínimo nacional”, e a “reposição das perdas salariais sofridas pelos ferroviários operacionais que foram contagiados pela pandemia provocada pela covid-19, bem como pelos que tiveram de cumprir confinamento profilático por estarem em contacto com colegas infetados”.

O SFRCI acusa a CP de “violação do acordo de empresa em vigor” e exige a “aplicação do acordo assinado com o Ministério das Infraestruturas em 2018, relativo à certificação do agente de acompanhamento”.

Finalmente, a greve visa condenar o “abuso do poder disciplinar” que os trabalhadores dizem vigorar na CP.

Segundo a CP, quem já tiver bilhetes para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, InterRegional e Regional poderá solicitar o reembolso do valor total do bilhete adquirido ou a sua revalidação, sem custos.

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