De acordo com o Relatório de Primavera 2022 – “E agora?”, da autoria do Observatório Português dos Sistema de Saúde (OPSS), que é hoje apresentado, no atual contexto demográfico, epidemiológico e de desenvolvimento dos sistemas de saúde é preciso “revisitar e redefinir” a domiciliação de cuidados (cuidar em casa) para garantir que estão adequados às atuais condições e necessidades das pessoas.

No documento, o OPSS assume que este modelo de cuidados de saúde precisa não só de uma visão política estratégica “que defina e regule o processo sob múltiplas perspetivas, mas também um modelo de cuidados que garanta que os mesmos são centrados na pessoa e sua família, são integrados e contínuos”.

Além de uma "orientação política estratégica explícita e integrada" para a domiciliação de cuidados, o OPSS aponta ainda a necessidade de corrigir e superar a sobreposição e a desarticulação entre os diferentes tipos de resposta e delinear um “sistema de monitorização e de avaliação” das respostas existentes de cuidados de saúde em casa.

É preciso ainda definir normas de qualidade em saúde, refere o relatório, sublinhando que “as existentes para a prestação de cuidados noutros contextos não são replicáveis no domicílio uma vez que, quer o contexto, quer o processo, são diferentes”.

O OPSS aponta igualmente a necessidade de corrigir a “desigual distribuição de respostas” - “a qual tem mais a ver com a capacidade das organizações do que com a necessidade das pessoas” -, que resulta numa ”iniquidade no acesso aos cuidados”.

Apesar disso, o Relatório de Primavera 2022 admite que há “demonstração da capacidade das organizações para se mobilizarem e repensarem as suas respostas”, assim como “respostas domiciliárias estruturadas com base num modelo de cuidados e inicialmente pensadas de acordo com uma visão em rede”.

O observatório começa por dizer que não existe uma “consolidação definitiva” do que se entende por cuidados domiciliários, mas explica que “deslocalizam os cuidados das instituições para a casa das pessoas”, exigindo, por isso, que se repense o processo, nomeadamente no que se refere ao papel de cada cuidador, com particular destaque para o papel do doente e do cuidador informal.

“O processo de domiciliação de cuidados tem potencial para incrementar a satisfação do doente e família, mas também para contribuir positivamente para muitos outros indicadores de saúde, económicos e sociais; todavia, pode apenas replicar em casa o modelo vigente na institucionalização e contribuir para a desintegração e descontinuidade de cuidados”, considera o observatório.

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