“Os países que conhecemos melhor no hemisfério norte estão em estágios variados da pandemia e provavelmente o Reino Unido é o mais próximo de estar fora da pandemia, se já não estiver fora da pandemia, e ter a doença como endémica”, disse, durante um evento do instituto de estudos britânico Chatham House, onde é investigador.

Heymann evocou o relatório do instituto de estatísticas britânico ONS sobre a imunidade da população, no qual foi estimado que cerca "de 95% da população de Inglaterra e um pouco menos em outras partes do Reino Unido tem anticorpos, seja por vacinação ou por infeção natural”.

Um sinal é o impacto menor do que esperado da variante Ómicron no país, onde o Governo britânico resistiu a impor mais medidas de contenção em Inglaterra além do uso de máscaras na maioria dos espaços fechados públicos, teletrabalho e a introdução do passe sanitário, bem como de acelerar a vacinação de reforço.

“Esses anticorpos estão a manter sob controlo o vírus, que está agora a funcionar mais como um coronavírus endémico do que como um pandémico. As pessoas que estão a ficar gravemente doentes são aquelas que não tiveram infeção prévia ou [não] foram vacinadas”, explicou o professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

Heymann considera que o Reino Unido é também o país que melhor se adaptou para “viver com o vírus”, onde as pessoas estão a “fazer a sua própria avaliação do risco", por exemplo, usando autotestes para detetar a infeção ou antes de eventos sociais para evitar a transmissão.

Esta estratégia permitiu manter o setor da restauração e de entretenimento a funcionar em Inglaterra nas últimas semanas, embora Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte tenham imposto limites ao número de pessoas que se podem juntar, jogos de futebol sem espetadores e o encerramento de discotecas.

“O Reino Unido vive com o vírus desde o final do verão (…), o que significa que as pessoas estão vacinadas ou dispostas a serem vacinadas, e vacinas são disponibilizadas, e as pessoas protegem as outras em espaços fechadas usando máscaras, mesmo se tiverem sido vacinadas porque podem ser infetadas depois da vacinação”, vincou.

Outra medida importante para ajudar as autoridades a tomarem decisões, acrescentou, é o sistema permanente de monitorização dos internamentos hospitalares e ocupação das unidades de cuidados intensivos que o Reino Unido tem para “detetar quando as coisas estão mal”.

Desenvolvendo “regras à medida que se avança”, o próximo passo será aprender a viver com o vírus, tal como acontece atualmente com doenças como a tuberculose ou a SIDA, disse Heymann, que foi responsável na Organização Mundial da Saúde pelo departamento de doenças transmissíveis e esteve envolvido em programas de combate à varíola e a poliomielite.

“Só temos de aprender a fazer a nossa própria avaliação sobre esta infeção e esperar que, eventualmente, nos próximos anos, [a covid-19] se torne um coronavírus endémico, tal como os outros quatro coronavírus, e seja mantida sob controlo, ou pela imunidade da população ou porque o próprio vírus se tornou menos virulento”, afirmou.

O ministro da Educação britânico, Nadhim Zahawi, defendeu no domingo, em declarações à estação Sky News, que o Reino Unido deve ser um dos primeiros países a “mostrar ao mundo como se faz a transição da pandemia para endemia” e admitiu, por exemplo, reduzir o período de isolamento para reduzir o impacto de baixas de funcionários em serviços essenciais.

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