“As pessoas nunca podem ser usadas como moeda de troca”, afirmou Blinken, quando se completam mil dias desde a detenção dos canadianos.

Michael Kovrig e Michael Spavor foram detidos na China, no que muitos países denunciaram como “política de reféns”, depois de o Canadá ter detido Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos.

Kovrig, um diplomata canadiano que trabalhava para uma organização internacional, e Spavor, empresário, foram presos e condenados por espionagem em tribunais chineses, em julgamentos fechados, num processo que, segundo o Canadá e dezenas de aliados, equivale a detenção arbitrária.

“Hoje completam-se mil dias desde a detenção arbitrária dos cidadãos canadianos Michael Spavor e Michael Kovrig, pela República Popular da China”, observou Blinken.

“Estamos ombro a ombro com o Canadá e a comunidade internacional no apelo [à China] para que liberte, imediata e incondicionalmente, Michael Spavor e Michael Kovrig”, acrescentou.

O secretário de Estado norte-americano observou que a “prática de deter indivíduos arbitrariamente para exercer influência sobre governos estrangeiros é completamente inaceitável”.

A prisão de Meng Wanzhou, filha do fundador da Huawei, enfureceu Pequim, que vê o seu caso como parte de um movimento político destinado a impedir a ascensão da China.

Os EUA acusam a Huawei de usar uma empresa de fachada de Hong Kong, chamada Skycom, para vender equipamentos ao Irão, numa violação de sanções comerciais.

Familiares e partidários de Spavor e Kovrig estão a pressionar por algum tipo de solução política. No domingo, caminharam em Otava, para replicar os 7.000 passos que Kovrig tenta dar todos os dias na sua cela para manter o seu bem-estar físico e mental.

Spavor foi condenado a 11 anos de prisão por ameaçar a segurança nacional da China.

O Governo chinês divulgou poucos detalhes, além de acusar Spavor de passar informações confidenciais a Kovrig.

Ambos são mantidos em isolamento e tiveram pouco contacto com diplomatas canadianos.

A Embaixada da China em Otava protestou, no domingo, contra os comentários do ministro dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Marc Garneau, referindo-se à detenção arbitrária e à falta de transparência no processo judicial chinês.

Estas observações “infringiram gravemente a soberania judicial da China e violaram o espírito do Estado de Direito”, disse o comunicado da embaixada.

Três canadianos condenados em casos separados por tráfico de droga foram condenados à morte na China, em 2019.

Um deles, Robert Schellenberg, tinha recebido uma sentença de 15 anos, inicialmente, que foi abruptamente revista para pena morte, em janeiro de 2019, após a detenção de Meng em Vancouver.