O estudo “Educação em Tempos de Exceção”, desenvolvido por investigadores do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, visava compreender as “transformações enfrentadas pelos docentes” na passagem para o ensino à distância.

“O trabalho recolheu dados sobre como os docentes se adaptaram e transformaram o seu trabalho durante o fecho das escolas”, afirmou hoje, durante a apresentação dos resultados, a investigadora Ana Teixeira.

O estudo, que teve por base um inquérito ‘online’, compila dados de dois momentos distintos: de 01 a 31 de maio de 2020 e de 01 a 17 de março de 2021 (onde participaram 1.306 professores).

Segundo Ana Teixeira, a amostra era “maioritariamente constituída por docentes do sexo feminino”, sendo que a média de idades rondou os 50 anos e a média de docência os 25 anos.

O estudo dividiu-se também em diferentes dimensões, tais como, a caracterização pessoal e profissional, competências tecnológicas, efeitos no trabalho e condições prévias para o ensino à distância.

De acordo com a investigadora Sofia Pais, a “perceção dos professores sobre a inclusão, nomeadamente, de alunos com dificuldades de aprendizagem, baixos rendimentos e vulnerabilidades no acesso à educação é que a mesma não foi propriamente bem conseguida” durante o ensino à distância.

“Na perceção de muitos dos docentes participantes, a inclusão dos alunos com determinadas dificuldades ou vulnerabilidades foi globalmente mal conseguida na implementação do modelo de ensino à distância”, lê-se no relatório do estudo.

A par da inclusão, os professores revelaram também que o ensino à distância provocou “algum agravamento do tempo dedicado à preparação das atividades letivas”, salientou Pedro Ferreira, também autor do estudo.

“Há uma série de dimensões que os docentes avaliaram como positivas, mas nota-se um agravamento do tempo, que consideram ter sido penalizado para conseguirem preparar as atividades”, acrescentou o investigador.

Apesar das dificuldades mencionadas, a perceção dos professores relativamente ao ensino à distância foi “globalmente e positivamente surpreendente”, com os mesmos a destacarem os efeitos positivos na relação com os alunos, na relação com os pais, na comunicação com outros colegas e na formação que encontraram para lecionar através de meios digitais.

Na apresentação dos resultados do estudo, Pedro Ferreira salientou que este é “apenas o início e o “primeiro passo para avançar para uma série de outras investigações”, nomeadamente, as variações entre 2020 e 2021.

“Queremos explorar estatisticamente as diferenças entre 2020 e 2021, analisar o que se passou com grupos específicos [de docentes] e sobre as relações entre as diferentes dimensões analisadas”, referiu o investigador, acrescentando que a intenção é recolher mais dados através de entrevistas com educadores e professores “com experiências, posições e responsabilidades diferentes”.

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