Charles Michel e Ursula von der Leyen falavam na conferência de imprensa após a cimeira UE-EUA hoje celebrada em Bruxelas, na qual participaram sozinhos porque Joe Biden seguiu já para Genebra, onde se reunirá na quarta-feira com Putin.

Questionados sobre que mensagem passaram ao Presidente norte-americano relativamente à Rússia, os dois líderes apontaram que explicaram a atual dinâmica negativa nas relações com Moscovo devido às suas atividades “ilegais e disruptivas”, garantindo-lhe que os 27 estão “unidos”.

“A primeira mensagem é muito simples: nós estamos unidos. Nós, os 27 Estados-membros, tivemos um debate aprofundado há algumas semanas [no Conselho Europeu de 24 e 25 de maio] sobre a Rússia e condenámos as atividades ilegais e disruptivas da Rússia”, começou por salientar Charles Michel.

O presidente do Conselho Europeu indicou que, em segundo lugar, a UE deu conta a Biden do seu firme propósito de implementar os cinco princípios orientadores que norteiam as relações dos 27 com Moscovo.

Os cinco princípios orientadores, estabelecidos pela UE em 2016 para serem aplicados às relações com a Rússia, são a aplicação dos Acordos de Minsk sobre o conflito no leste da Ucrânia como condição essencial para qualquer alteração substancial da posição da UE face a Moscovo; o reforço das relações com os parceiros orientais da UE e outros países vizinhos, incluindo os da Ásia Central; o reforço da resiliência da UE – em matérias como segurança energética e ameaças híbridas -; um diálogo “seletivo” com a Rússia sobre questões do interesse da UE; e a necessidade de estabelecer contactos interpessoais e de apoiar a sociedade civil russa.

Charles Michel enfatizou o segundo destes princípios, realçando a importância de a UE “desempenhar um papel mais forte na Parceria de Leste e nos Balcãs Ocidentais, de modo a apoiar instituições democráticas robustas nesses países”.

“Penso que, juntamente com os Estados Unidos e alguns outros parceiros que pensam da mesma forma, é importante não só reagirmos quando regimes autoritários tentam pressionar-nos, mas é igualmente importante termos uma estratégia proativa, de modo a promover os nossos valores e defender os nossos interesses” na cena global, completou.

Por seu lado, a presidente da Comissão Europeia observou que, como é do conhecimento geral, as relações entre UE e Rússia vivem momentos conturbados, face aos “desenvolvimentos dos últimos anos”, e disse que a União gostaria de tornar a relação com Moscovo pelo menos “mais previsível”.

Para tal, apontou, há três formas de haver uma certa normalização: a Rússia respeitar a lei internacional e os direitos humanos, acabarem as tentativas de Moscovo de “perturbar” a UE, e as partes trabalharem em áreas onde tal seja possível, como em questões de saúde pública.
“Mas a verdade é que a relação está neste momento numa espiral negativa, e foi isso que transmitidos de forma muito clara ao presidente Biden”, declarou.

O Presidente dos Estados Unidos conclui na quarta-feira a sua deslocação à Europa com a anunciada cimeira com Vladimir Putin, numa sequência deliberada e em que pretenderá demonstrar o regresso da “aliança firme” com os aliados ocidentais, depois de ter participado nas cimeiras do G7, da NATO e com a UE.

A Ucrânia, a Bielorrússia, o destino do opositor detido Alexei Navalny, os ciberataques serão temas das negociações que se preveem ásperas e difíceis na reunião que decorrerá na cidade suíça de Genebra, e que será o ponto culminante da primeira deslocação de Biden à Europa desde que tomou posse em 20 de janeiro.