Exames adiados, consultas por realizar e dúvidas dos utentes sobre a presença dos médicos marcaram hoje de manhã o cenário nas consultas externas do Hospital de São Francisco, em Lisboa.

Poucos minutos depois das 09:00, acumulavam-se utentes junto às máquinas que dispensam senhas para exames ou consultas marcadas.

Uma funcionária do hospital prestava auxílio aos doentes, tentando informar se teriam consulta ou exame. Contudo, há balcões de atendimento abertos, nomeadamente para medicina física e de reabilitação, na consulta de ginecologia e na gestão do utente.

Alguns meios complementares de diagnóstico não se realizaram, como aconteceu no caso do utente Luís Mendes, que tinha uma prova de esforço marcada, bem como outro exame na área da cardiologia.

“Tenho consulta com o médico dia 29 de junho. Até lá, tenho de ter estes exames marcados e feitos ou de nada serve a consulta”, disse à agência Lusa.

Uma outra utente, que tinha agendada para esta manhã uma consulta de cirurgia geral, saiu do hospital poucos minutos depois de ter chegado, assim que soube que a sua médica não daria hoje consultas.

Outros utentes relataram à Lusa que os tratamentos que tinham previsto não se realizaram por falta de enfermeiros.

Já no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, os serviços estão a funcionar normalmente, sem qualquer perturbação, segundo informou o hospital.

Na Unidade de Saúde Familiar (USF) da Venda Nova, na Amadora, todas as consultas foram desmarcadas devido à greve dos funcionários públicos.

À porta, um panfleto anuncia a greve e o segurança vai informando quem chega que tem de voltar outro dia para remarcar a consulta.

Apesar de saber da paralisação, Manuel Lima, 76 anos, decidiu ir ao centro de saúde na esperança de ser atendido, mas quando entrou deparou-se com uma sala de espera vazia.

“Tinha a consulta marcada há dois meses e agora vou ter de esperar mais dois. Estão a brincar com a nossa saúde, há gente a morrer por causa disso”, disse revoltado Manuel Lima.

Disse ainda não compreender a razão desta paralisação: “Se o primeiro-ministro já disse que não há dinheiro, porque é que insistem”, disse, questionando ainda razão pela qual as greves acontecem sempre à sexta-feira.

Mais resignado, João Santos, 80 anos, disse que vai voltar na segunda-feira para marcar uma nova consulta com o seu médico de família.

“Eu já sabia da greve, mas pensei que o médico desse consulta, o que não aconteceu. Voltou na segunda”, disse, enquanto arrumava os exames dentro da mala.

Na Unidade de Saúde familiar Rodrigues Miguéis, em Benfica, Lisboa, o cenário era completamente diferente, com as pessoas a serem atendidas pelos funcionários e depois consultadas pelos médicos à hora marcada.

Apesar de muitas escolas estarem a funcionar normalmente, há outras que encerraram as portas hoje de manhã, como é o caso das escolas Professor Delfim Santos, Filipa de Lencastre ou Pedro Santarém, em Lisboa.

Convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Função Públicas e Sociais (FNSTFPS), a greve nacional de hoje foi anunciada no início de abril para reivindicar aumentos salariais, pagamento de horas extraordinárias e as 35 horas de trabalho semanais para todos os funcionários do Estado.

A última greve geral convocada por esta Federação com vista à reposição das 35 horas semanais realizou-se em janeiro do ano passado e teve, segundo a estrutura, uma adesão média entre 70% a 80%, incluindo os hospitais.

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