Segundo o historiador, o CEP foi imposto ao Exército britânico que desconfiava de uma força militar, que considerava “uma multidão indisciplinada”, tendo adiado, sucessivamente, a entrega aos portugueses de um setor na frente de batalha em França.

“Os militares britânicos têm imenso medo deste Corpo Expedicionário Português. Não aceitam a ideia de lhes dar um setor da frente que possa ser atacado em força pelo inimigo porque receiam que a força portuguesa se desfaça e se abra uma brecha, que era o grande pesadelo desde o início da guerra de trincheiras”, disse.

Portugal tem uma visão "cor-de-rosa" e "falsa" sobre a Primeira Guerra

O historiador defende ainda que a participação de Portugal na Primeira Guerra resultou de "um projeto político radical" contestado pelo Exército e pela sociedade. António José Telo critica a visão histórica "cor-de-rosa" e "falsa" que subsiste sobre este período.

"As ideias que existem são bastante erradas. Os manuais escolares continuam a dizer que Portugal entrou na Guerra a pedido da Inglaterra. Não é bem assim. Na realidade, a Guerra provoca uma profunda divisão na sociedade portuguesa [...] e a esmagadora maioria, quer do mundo político, quer da opinião pública, alinha com os chamados anti-guerristas", disse o historiador, em entrevista à agência Lusa.

O professor catedrático de História na Academia Militar trabalha, desde 2014, numa linha de investigação ligada à evocação dos 100 anos da Primeira Guerra Mundial, do Ministério da Defesa, tendo já publicado dois livros: um sobre o Corpo Expedicionário Português (CEP) em França e outro sobre a guerra no Atlântico português.